sábado, 9 de junho de 2007

Compostos da Lagarta da Couve podem ajudar no tratamento da Gota

A lagartas da couve podem ter um importante contributo no tratamento da gota. Isto porque, uma investigação levada a cabo pela Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em colaboração com o laboratório RequiMte e com a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança, descobriu que este animal é capaz de transformar os compostos vegetais existentes nas couves, em compostos completamente distintos.

O projecto teve inicio nos finais de 2006 e os seus resultados motivaram já diversas publicações em revistas internacionais da especialidade.

Como explica Paula Andrade, uma das responsáveis pela investigação, inicialmente esta tinha o objectivo de identificar os flavonóides, “compostos da couve tronchuda que têm uma acção antioxidante”. No entanto, no decorrer do projecto, as couves em estudo foram invadidas por uma praga de lagartas, que as destruiu. Os investigadores decidiram então analisar as lagartas.

As lagartas, foram de inicio submetidas a um jejum de uma hora, o que levou os investigadores à “conclusão de que fazem o mesmo que nós com os compostos presentes nas couves, ou seja, são capazes de os metabolizar. O resultado é que apenas se detectaram na lagarta três flavonóides iguais aos das couves, enquanto os outros já eram completamente diferentes”, de acordo com Paula Andrade.

Com base nos resultados desta experiência, procedeu-se então a um novo estudo, aprovado e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, de forma a avaliar os compostos produzidos pelas lagartas, em diferentes fases do seu ciclo de vida e tendo como alimento, diferentes tipos de couves.

Patrícia Valentão, uma das investigadoras ligadas ao projecto, adiantou que, “por enquanto já conseguimos saber que, ingerindo diferentes compostos, as lagartas produzem também compostos diferentes da primeira experiência, até porque agora as submetemos a um jejum de 12 horas, o que lhes permite fazer todo o processo de metabolização”.

Contudo, os resultados foram ainda mais surpreendentes, uma vez que os cientistas verificaram também que, “a actividade anti-oxidante dos compostos produzidos pela lagarta é superior aos da couve que comeu, ou seja, têm maior e melhor actividade antioxidante”.

Estes compostos agora descobertos poderão ser capazes de controlar o ácido úrico, já que têm um efeito inibidor da enzima responsável pela sua formação.

A investigação passará agora por uma fase de avaliação, pois não são ainda conhecidos todos os compostos produzidos pelas lagartas da couve, ao longo do seu ciclo de vida.

Inês de Matos

Fonte: Jornal de Noticias

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