segunda-feira, 30 de julho de 2007

Doença afecta cerca de um terço da população mundial
Nova vacina contra tuberculose em testes


A primeira vacina contra a tuberculose desenvolvida nos últimos 80 anos entrou em fase de testes clínicos, prevendo-se que, se o resultado dos ensaios for positivo, a nova imunização possa começar a ser comercializada dentro de oito anos. Peritos da Universidade de Oxford citados pela Agência ANSA alegam que o medicamento poderá salvar da morte milhões de pessoas por ano. Para a tuberculose latente há previsões de uma nova vacina em 2012.

Numa altura em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que um terço da população mundial esteja infectado pela doença, e que mais de dois milhões por ano não consigam, devido à tuberculose, fugir ao espectro da morte nos países em desenvolvimento, a única vacina disponível é a BCG, que apenas protege contra as variantes mais severas e não confere imunidade aos adultos. Um panorama pouco animador, a que a nova vacina, desenvolvida por Helen McShane, investigadora da Universidade de Oxford, quer pôr termo. A nova imunização actua em conjunto com a vacina BCG, utilizando uma proteína existente em todas as variantes da doença, para aumentar o número de células imunes. A cientista britânica, cujo trabalho tem sido financiado pelo Wellcome Trust, considera que a nova vacina ganha estatuto de “essencial” em virtude do aumento da resistência do bacilo causador da doença a muitos dos antibióticos usados no seu tratamento, lembrando também o cada vez maior número de infectados pela tuberculose em associação com a sida.

Tuberculose latente
Igualmente em estudo, e com a previsão de poder vir a ser aplicada aos doentes já em 2012, encontra-se a primeira vacina contra a tuberculose latente. Apesar de ser uma variante assintomática e não contagiosa da doença, já que os bacilos estão no organismo, mas não se manifestam, a tuberculose latente poderá também evoluir para a forma activa da patologia, nomeadamente nos doentes seropositivos, cujo sistema imunitário se encontra debilitado e não pode defender-se da multiplicação dos vírus. A primeira imunização para a variante latente da tuberculose encontra-se em estudo há vários anos, e de acordo com Pere-Joan Cardona, o investigador que dirige a investigação para seu o desenvolvimento, “a vacina estará pronta em 2012 e poderá ser administrada a um terço da humanidade, a população que se calcula estar infectada pelo bacilo da tuberculose”.
O desenvolvimento da chamada RUTI constitui um marco mundial, porque não há qualquer vacina terapêutica para a forma latente da tuberculose além do tratamento de nove meses à base de isoniazida, que devido à sua elevada toxicidade não é administrada a muitos dos infactados. Segundo Pere-Joan Cardona, inicialmente o tratamento está dirigido a pessoas com maiores necessidades, como seropositivos infectados pela tuberculose latente, “combinação mortal” que constitui um caso de sida, de acordo com os especialistas. “Um tratamento com antibióticos que tenha a duração de nove meses também não é fácil de seguir, nomeadamente quando não há qualquer sintoma da doença”, refere, concretizando a ideia de que, “por isso, a principal vantagem da nova vacina é o facto de ela estimular a resposta imune e de a sua administração poder reduzir para um mês o tratamento com antibióticos.

Carla Teixeira
Fonte: ANSA, Agência Lusa, Jornal Digital, AidsPortugal.com, AstraZeneca

Sem comentários: