segunda-feira, 30 de julho de 2007

Segunda fase da investigação vai incidir em seres humanos
Vacina terapêutica contra a sida em estudo


O próximo mês de Novembro é o prazo-limite para o arranque da segunda etapa da fase clínica de um estudo que está a dar muito que falar no Brasil. Depois de ter conseguido obter reduções de até 80 por cento na quantidade de VIH no sangue dos voluntários que participaram na primeira fase de testes, há dois anos, a investigação para encontrar uma vacina terapêutica para a sida entrará, até Novembro, num segundo momento, utilizando seres humanos.

No II Encontro Nordestino de Vacinas Anti-VIH, realizado em meados deste mês, foram debatidos os resultados alcançados até agora no âmbito deste trabalho. O investigador e professor da Universidade Federal de Pernambuco Luiz Cláudio Arraes, disse naquela reunião que a nova etapa do projecto tem como objectivo “verificar a toxidade da vacina e o efeito dose/dependência nos voluntários”. Será também “possível entender por que motivo alguns pacientes respondem bem à vacina e outros não”, explicou. Arraes disse que a imunização em estudo é designada como “vacina terapêutica” pelo facto de, ao contrário do que acontece com os medicamentos, que actuam sobre o vírus, a vacina deverá actuar directamente no sistema imunitário do paciente, ajudando-o a combater a subsistência e proliferação do vírus.
De acordo com o especialista brasileiro, a vacina deverá actuar nas células dendríticas – assim chamadas por terem a forma de dedos –, responsáveis pelo reconhecimento dos agentes estranhos ao organismo, e cuja quantidade e performance o vírus consegue diminui significativamente. A acção da vacina consistirá na recolha daquelas células, na fase em que ainda são jovens e não foram atingidas pela sida, maturando-as depois em laboratório. Depois é extraído do paciente o vírus, e imediatamente inactivado. A fase seguinte consiste na junção das células maduras com os vírus atenuados, de modo que o sistema imunitário possa reconhecer as células infectadas e fazer frente à progressão da doença, passando então a ter capacidade para produzir os marcadores biológicos necessários para combater o vírus.
Luiz Cláudio Arraes explicou, no entanto, que a nova vacina terapêutica não será capaz de eliminar a sida, mas apenas de diminuir a carga viral dos pacientes, que pode variar entre a presença quase indetectável de vírus e um milhão por cada mililitro de sangue. “Se a vacina não for efectiva no combate ao VIH, talvez possa usar-se esse caminho para os doentes que já são resistentes a toda uma gama de medicamentos”, já que em muitos casos os anti-retrovirais são tomados durante anos, o que tende a gradualmente ir reduzindo a sua eficácia, aumentando, por outro lado, a resistência dos vírus.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Brasil, Agência Lusa

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