segunda-feira, 23 de julho de 2007

Entidades de referência no Brasil desenvolvem projecto
Novo medicamento contra leucemia em estudo


O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron e o Centro Infantil Boldrini, entidades de referência no Brasil, estão já em fase avançada do processo de desenvolvimento de uma molécula capaz de ajudar na produção de medicamentos específicos para o tratamento da leucemia linfóide aguda, um tipo de cancro comum em crianças.

A trabalhar em Campinas, a cerca de 100 quilómetros da cidade de São Paulo, os investigadores dos dois núcleos envolvidos neste projecto começaram por tentar reconstruir o contacto entre as células saudáveis e as células que foram afectadas pela leucemia, visando partir dessa análise para a identificação das proteínas que desempenham um papel no desenvolvimento daquela doença, para dessa forma abrir caminho à criação de uma molécula com capacidade para interferir na acção das proteínas responsáveis pelo tumor.
Nilson Zanchin, do LNLS – o único organismo no hemisfério sul que dispõem da luz síncrotron, tecnologia baseada num raio X de alta intensidade que permite mapear as proteínas – explicou que “sem esse sistema, e sem a reconstrução da estrutura da proteína, não seria possível avançar para a terceira fase do ensaio, que consiste na busca de moléculas inibidoras”, referiu que a equipa já conseguiu identificar um conjunto de proteínas, mas conta que “seleccionámos um número pequeno, para determinar a estrutura e a acção detalhada das células”.
O investigador salienta que o objectivo essencial do trabalho que está em marcha não é o medicamento final, mas conseguir “uma base de conhecimento que permita o desenvolvimento de novos fármacos”, que “dependerá sempre do conhecimento da estrutura das moléculas cuja acção se pretende bloquear. A pesquisa encontra-se hoje na segunda fase, que consiste na experimentação e análise das proteínas produzidas no laboratório. Embora o objectivo seja encontrar as moléculas-alvo e proceder ao desenho dos seus inibidores, os cientistas brasileiros reconhecem que o desenvolvimento de um medicamento exige mais tempo e investigações mais aprofundadas, inclusivamente com o envolvimento de doentes.
Por esse motivo contam poder, no próximo ano, altura em que acreditam estar já na posse dos resultados deste estudo, oferecê-los aos laboratórios interessados, que poderão desenvolver o medicamento final. “A nossa pesquisa pretende dizer que temos uma proteína que desempenha uma determinada função na leucemia, e que desenvolvemos uma molécula capaz de actuar a atividade dessa proteína”, frisa Zanchin, explicando que depois caberá às empresas farmacêuticas aproveitar os dados disponíveis para colocarem no mercado uma nova solução farmacológica para o tratamento mais eficaz dos doentes com leucemia.

Carla Teixeira
Fonte: Agência do Estado, Último Segundo

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