segunda-feira, 23 de julho de 2007

Estado ainda não disponibilizou fármaco para o VIH2
Doentes com sida sem direito a medicamento

Os doentes infectados com a segunda variante do vírus da imunodeficiência adquirida (VIH2) aguardam desesperadamente a autorização do Estado para ser disponibilizado nos hospitais um novo medicamento que poderá aumentar o seu tempo e qualidade de vida. O Darunavir é um fármaco novo, que ainda não foi testado em pessoas. Contudo, os testes invitro garantem sucesso no tratamento da sida. Os especialistas consideram que o Estado está a ser negligente e a penalizar os doentes.

De acordo com a edição de hoje do «24 Horas», que publica uma reportagem exclusiva sobre este assunto, os pacientes infectados com o VIH2 precisam do medicamento que poderá prolongar-lhes a vida, mas o Estado ainda não deu ordem para a sua utilização. Um médico ouvido pelo jornal avisa que a decisão é “urgente”, enquanto um activista da Associação Abraço cataloga o Estado como “negligente”. Vários especialistas atestaram que o Darunavir “tem a capacidade de fortalecer o organismo com anticorpos, tornando-o mais resistente às infecções” que, no caso dos doentes com sida, são potencialmente fatais. Uma simples constipação poderá, em muito pouco tempo, transformar-se em algo mais grave e levar à morte do paciente.
Francisco Ribeiro, da Abraço, considera “inaceitável” que o Darunavir ainda não tenha sido distribuído, frisando que a actuação do Estado nesta matéria tem sido irresponsável e negligente. Uma vez que o medicamento se destina unicamente ao uso hospitalar, não podendo ser adquirido nas farmácias, os especialistas alertam para a necessidade de as autoridades sanitárias agirem rapidamente, mas a Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed), a quem compete dar luz verde ao uso do fármaco, informou que o Darunavir está “em avaliação para utilização em meio hospitalar”, e que só depois de este processo estar concluído poderá ter lugar a autorização para a sua administração em seres humanos nos hospitais portugueses.

Carla Teixeira
Fonte: «24 Horas»

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