sexta-feira, 27 de julho de 2007

Identificado gene da comichão

Descoberta abre caminho a novos medicamentos

Cientistas norte-americanos afirmam ter descoberto um gene associado à comichão. O resultado – publicado na última edição da revista «Nature» - pode representar uma esperança no tratamento, abrindo caminho a medicamentos mais eficazes.

A comunidade científica sempre acreditou que a comichão seria uma versão amena de dor, mas o gene agora descodificado provou que as duas sensações estão associadas a mecanismos genéticos separados.

Segundo explicaram os investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, “o gene fornece instruções para a criação de um receptor de proteína nas células da medula que reage a sinais de comichão enviados pelo cérebro”, acrescentando que, o gene, chamado GRPR (sigla em inglês de "receptor de peptídeo que liberta gastrina"), foi encontrado em células da medula de ratinhos.

De acordo com a «Nature», “os autores do estudo retiraram o gene GRPR de ratos e descobriram que a reacção deles a estímulos dolorosos não tinha mudado.” Contudo, quando injectaram nos animais um composto que simulava a acção do GRPR, “as cobaias começavam a se coçar freneticamente e foi quando pensámos que o gene pudesse ter relação com a sensação de coceira", esclareceu Zhou-Feng Chen, líder da investigação.

Numa fase posterior, os cientistas informam que realizaram novos testes com ratos sem o GRPR, criados em laboratório: “Quando expostos a agentes que provocavam comichão (coceira), eles coçavam muito menos que cobaias normais, com o gene GRPR actuando normalmente.”

Para Zhou-Feng Chen, a identificação do gene e do seu efeito “pode indicar que fármacos podem ser usados para suprimir a sensação de prurido” sem afectar a sensação de dor, concretizando que "e como a dor pode ser um importante sinal de protecção, que adverte para (sinais de) perigo (no organismo), pode ser vantajoso ter medicamentos ‘anticoceira’ que não comprometam a capacidade de sentir dor."

Tratamentos

Actualmente, os tratamentos disponíveis para o problema são escassos. Os casos de comichão crónica podem estar associados a problemas de pele, como o eczema, ou a doenças mais sérias, como problemas nos rins ou no fígado. Este “prurido” também pode ser um efeito colateral de certas terapias para o cancro ou do uso de analgésicos fortes, como a morfina. Nos casos mais severos, a coceira pode provocar dificuldade de dormir e cicatrizes na pele.

Raquel Pacheco
Fonte: BBCNews/Reuters

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