Prolongada no tempo e normalmente com difícil identificação causal, a dor crónica causa sofrimento, podendo manifestar-se com várias características e gerar diversos estádios patológicos. Apesar de milhões de pessoas sofrerem de dor crónica, os mais idosos tendem a encará-la como sendo normal na sua idade. No entanto, este facto não é uma consequência inevitável do envelhecimento. Na realidade, as pessoas mais novas podem sofrer mais vezes de dores fortes do que as mais velhas, isto porque, quando se envelhece, a tendência é para se ter menos sensibilidade à dor, especialmente à dor de cabeça, à dor abdominal ou à dor facial.
Um grupo de especialistas alemães parece ter conseguido identificar com precisão a área do cérebro humano que permite à dor ter capacidade para afectar o processamento cognitivo. A dor que está directamente relacionada com esta região cerebral é distinta da que está envolvida naquela que interfere com o processamento cognitivo devido a uma distracção da memória.
Para conseguirem detectar a área do cérebro que permitia à dor usurpar a atenção, a equipa conduzida por Ulrike Bingel pediu aos voluntários para desempenharem uma tarefa cognitiva que envolvia a distinção de figuras, para além de um trabalho de utilização da memória para recordar imagens. Os investigadores pediram aos voluntários para desempenhar as tarefas à medida que experienciavam diferentes níveis de dor incutidos através de um raio laser. Durante os testes, foram realizadas várias ressonâncias magnéticas (RM) para avaliar o fluxo sanguíneo nas várias regiões do cérebro que reflectem a actividade do mesmo.
Os cientistas conseguiram identificar uma região cerebral denominada complexo lateral occipital como a área relacionada com a cognição afectada pela carga de memória activa e pela dor. O próximo passo foi identificar a região do cérebro através da qual a dor afecta o funcionamento do complexo lateral occipital. Os investigadores apontam o córtex cingulado anterior frontal como o possível responsável, uma vez que se sabe que esta região faz parte do processo cerebral que desencadeia a dor. As RM realizadas durante o estudo demonstraram que o córtex cingulado anterior frontal é o centro cerebral através do qual a dor influencia o complexo lateral occipital. Por outro lado, a carga de memória activa influencia o complexo lateral occipital através de uma outra área, o córtex parietal inferior.
A regulação do processo visual através da dor que foi observado nas RM é relevante do ponto de vista comportamental, salientam os especialistas. Isto porque, à medida que as RM mostravam que a dor afectava o complexo lateral occipital, também denunciaram uma falha de precisão paralela no reconhecimento das imagens por parte do sujeito.
Marta Bilro
Fonte: The Earth Times, Administração Regional de Saúde do Centro, Portal da Saúde.
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