quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Descoberta forma de multiplicação do VIH em certos glóbulos brancos

O vírus da sida consegue resistir a algumas células imunitárias alterando o PH dos compartimentos celulares onde se acumula, impedindo assim a activação das enzimas encarregues de os atacar. A descoberta ocorreu quando os investigadores de dois institutos franceses, Curie e Pasteur, decidiram verificar de que forma o VIH resistia à acção das células imunitárias, que em condições normais resistiriam e destruiriam corpos estranhos.

Quando um vírus ou uma bactéria infecciosa penetra no corpo humano, o sistema imunitário entra em acção, através dos glóbulos brancos. No entanto, alguns vírus, como o vírus da sida, atacam precisamente o sistema imunitário, multiplicando-se no interior destas células, acumula-se numa espécie de 'armazéns', dificultando a acção dos tratamentos anti-virais.

O VIH ataca especialmente dois tipos de glóbulos brancos: os macrófagos, os primeiros a intervir contra os corpos estranhos, e os linfócitos (linfócitos T CD4), que intervêm mais tardiamente na resposta imunitária. Ao instalar-se nos macrófagos, o vírus constrói verdadeiros reservatórios virais funcionando como uma barreira contra o tratamento, enquanto que a sua multiplicação nos linfócitos T CD4 provoca a destruição destas células.

Uma equipa do Instituto Curie liderada por Philippe Benaroch, em colaboração com o laboratório de vírus e imunidade do Instituto Pasteur, estudou a proliferação do VIH nos macrófagos, verificando que as partículas virais se acumulam em compartimentos específicos dentro dos macrófagos infectados, modificando o PH desses compartimentos e impedindo assim a activação das enzimas encarregues de os atacar. Quando funcionam normalmente, estes compartimentos possuem um PH ácido onde o VIH não deveria sobreviver.

Durante a investigação, os cientistas efectuaram diversas medições do PH e concluiram que existia um defeito de acidificação nestes compartimentos, uma vez que o VIH modificava esse meio hostil e criava um ambiente favorável à sua sobrevivência e ao seu armazenamento. Assim, as enzimas de degradação, que têm necessidade de um PH ácido para funcionar e degradar o vírus, são eliminadas, de forma que, ao controlar o ambiente, o VIH pode multiplicar-se à vontade.

Os cientistas acreditam que esta investigação poderá ter um papel determinante no conhecimento sobre a persistência do VIH em pessoas contaminadas, abrindo a porta à identificação de novos alvos terapêuticos, de forma a eliminar estes 'armazéns' virais nos macrófagos.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

1 comentário:

ptcp disse...

Tem bons artigos mas podía cruzar diferentes fontes para distinguir o seu artigo dos demais que surgem noutros meios de comunicação social, não especializados, que utilizam as mesmas fontes.

Correcção: "mecanismo de replicação" em vez de "forma de multiplicação".

Bom trabalho.