quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Estudo: Avandia aumenta risco de ataque cardíaco

Novas investigações confirmam suspeitas antreriores

Quando as suspeitas que recaíam sobre a utilização do Avandia (maleato de rosiglitazona) pareciam estar apaziguadas com a introdução de um aviso no rótulo alertando para o facto do fármaco aumentar o risco de doença cardíaca, um novo estudo volta a colocar o medicamento debaixo de fogo. A ingestão da substância aumenta significativamente o risco de ataque e falha cardíaca, reafirmam as mais recentes investigações.

“O balanço entre os riscos e os benefícios alterou-se, e isto tem que ser tido em conta”, afirmou Sonal Singh, o principal autor do estudo e professor assistente de medicina interna na Escola Universitária de Medicina Wake Forest, em Winston-Salem. De acordo com este especialista, o risco de falha cardíaca era conhecido, porém não se tinha noção da sua magnitude. Os resultados da pesquisa revelaram que “um em cada 30 pacientes que tomam rosiglitazona durante um ano vão sofrer falhas cardíacas, isto é muito substancial. E um em cada 220 vai sofrer um ataque cardíaco. Isto é também muito significativo”, acrescentou.

No entanto, este é apenas o início de um novo pesadelo para a GlaxoSmithKline, farmacêutica responsável pela produção do Avandia. O trabalho de investigação, publicado na edição de 12 de Setembro do “Journal of the American Medical Association”, vem acompanhado de um outro estudo que refere que o Actos (pioglitazona), um medicamento da Takeda que se insere na mesma classe do Avandia, reduz o risco de ataque cardíaco e morte, mesmo aumentando o risco de falha cardíaca grave.

“Este estudo mostra que o medicamento, utilizado para controlar o açúcar no sangue, fornece benefícios adicionais ao reduzir as complicações cardiovasculares”, disse A. Michael Lincoff, responsável pelo estudo e vice-presidente de investigação no departamento de medicina cardiovascular na Cleveland Clinic.

No primeiro estudo, os cientistas realizaram numa meta-análise de quatro ensaios clínicios aleatórios do Avandia que contaram com a participação de 14 mil doentes. A análise revelou que o medicamento aumenta o risco de ataque cardíaco em 42 por cento e duplica o risco de falha cardíaca, conclusões que se assemelham às obtidas em investigações anteriores. No entanto, nesta análise o Avandia não aumentou o risco de morte por problemas cardiovasculares.

Face aos mais de três milhões de pacientes que tomam o fármaco nos Estados Unidos da América, o impacto para a saúde pode ser elevado, podendo resultar em mais de 4 mil ataques cardíacos extra e 9 mil episódios de falha cardíaca, referem os autores.

A segunda investigação, orientada por Lincoff, observou dados de 19 ensaios clínicos que envolveram mais de 16 mil participantes e que analisavam os problemas cardiovasculares e a utilização do Actos. Segundo os autores do estudo, a Takeda financiou a investigação e forneceu os dados dos ensaios clínicos mas não esteve envolvidas em nenhuma análise.

Tal como o Avandia, o Actos também aumentou o risco dos pacientes sofrerem uma falha cardíaca, desta vez em 40 por cento. No entanto, ao contrário do Avandia, os doentes aos quais foi administrado o Actos, registaram uma diminuição de 18 por cento no risco de ataque cardíaco, enfarte ou morte, relativamente aos pacientes do grupo de controlo. Os dados levam Linfoff a afirmar que o Actos deve ser a primeira escolha de tratamento, em detrimento do Avandia.

A GlaxoSmithKline veio a público contestar as investigações e defende que nenhum destes estudos “confirma a diferença entre o perfil de segurança do Avandia e do Actos”.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, USA Today, Business Week, Farmacia.com.pt.

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