sábado, 29 de setembro de 2007

Doença silenciosa associada a elevado número de mortes
Vacina para a arteriosclerose pode estar iminente

A arterioesclerose é actualmente uma das mais importantes causas de morte no mundo ocidental, mas a breve trecho poderá deixar de constituir uma ameaça tão devastadora, já que deverá estar prestes a entrar na fase de ensaios clínicos uma nova vacina contra aquela doença, cujo maior perigo resulta do facto de ela se desenvolver progressiva e silenciosamente, gerando os primeiros sintomas apenas quando já existe uma obstrução das artérias na ordem dos 75 por cento.

O número de mortes associadas à arterioesclerose, que se manifesta em 10 por cento da população com idade superior a 50 anos (na maioria do sexo masculino), é elevado, nomeadamente antes de a doença ser diagnosticada. Além dos factores genéticos, há a ter em conta outras condições predisponentes para a arterioesclerose: o sedentarismo, o tabagismo, a hipertensão, a diabetes, o colesterol alto e a obesidade são considerados os factores de maior risco, recomendando-se por isso uma alimentação equilibrada, bem como a prática de exercício físico e a opção por não fumar.
O anúncio do arranque iminente da fase de testes clínicos à nova vacina foi feito durante a sessão de abertura do IV Encontro Anual da Rede Europeia de Genómica Vascular, que teve lugar entre os dias 17 e 20 deste mês na Universidade de Bristol, no Reino Unido, e que reuniu, em quatro dias de trabalhos, com fóruns, debates e conferências, mais de 400 investigadores internacionais nesta área. Goran K. Hansson, do Centro de Medicina Molecular do Karolinska Hospital, em Estocolmo, na Suécia, disse, diante dos participantes naquele evento científico, que “hoje sabemos que a arteriosclerose é uma doença inflamatória com desenvolvimento sistémico e genético”, dando conta da sua convicção de que o desenvolvimento da vacina está muito próximo: “Estamos a apenas alguns passos de testar a vacina em humanos”, afirmou.
No entanto, de acordo com aquele especialista, há ainda alguns problemas a resolver: é preciso encontrar o antigene indicado para a imunização, uma partícula ou molécula que revele capacidade para iniciar a produção de um anticorpo específico. Neste momento há “um bom candidato”, a lipoproteína de baixa densidade (LDL, na sigla em inglês), ou o chamado “mau colesterol”, mas essa possibilidade ainda não foi cabalmente explorada pelos cientistas. Outro foco de resistência à criação da vacina consiste na necessidade, ainda não satisfeita, de esclarecer qual o mecanismo de acção da imunização, ou seja, há que decidir se ela deverá reduzir a má circulação de lipoproteínas ou agirá sobre as células que criam a inflamação nas artérias. Um terceiro desafio passa pela identificação da mais eficaz via de administração da vacina: se por via oral, intradérmica, subcutânea ou intramuscular.
De acordo com dados actualizados divulgados no decurso do encontro anual da Rede Europeia de Genómica Vascular 2007, as doenças cardiovasculares são actualmente responsáveis por cerca de 12 milhões de mortes anuais em todo o mundo. Na Europa aquele tipo de patologias assume responsabilidade por mais de 50 por cento dos índices de mortalidade em indivíduos com mais de 65 anos, e em 80 por cento desses casos é a arteriosclerose que dita o trágico desfecho para o paciente.

Carla Teixeira
Fonte: ComCiência

1 comentário:

Rui Borges disse...

Muito bom este artigo.

Apenas duas correcções:

Antigénio, em vez de antigene.
Arteriosclerose, em vez de arterioesclerose.