terça-feira, 18 de setembro de 2007

Estado e cidade de Nova Iorque processam Merck

Acusação quer indemnização pelo dinheiro gasto em prescrições de Vioxx

O Estado e a cidade de Nova Iorque estão a processar a farmacêutica Merck alegando que o laboratório não divulgou de forma clara os riscos inerentes à toma do Vioxx (Rofecoxib). Os queixosos procuram obter uma indemnização pela “dezenas de milhares de dólares dos contribuintes gastos nas prescrições de Vioxx“, referiu a procuradoria-geral do Estado de Nova Iorque. O Mayor da cidade, Michael Bloomberg, subscreve as alegações.

A acusação defende que muitas prescrições do Vioxx teriam sido evitadas se os médicos estivessem devidamente informados. “A conduta irresponsável e dúbia da Merck colocou em perigo a saúde dos nova-iorquinos e desperdiçou o nosso dinheiro dos impostos”, afirmou o procurador-geral do estado de Nova Iorque, Andrew Cuomo. Mesmo quando “as provas se acumulavam, demonstrando o quão perigoso era o medicamento, a Merck colocou os lucros acima de tudo o resto, pondo em risco milhares de pessoas”, acrescentou o responsável.

Os documentos do processo referem que a farmacêutica “realizou uma campanha planeada e tenaz baseada em afirmações falsas e fraudulentas de forma a minimizar a importância e seriedade” da potencial relação entre o Vioxx e o surgimento de problemas cardiovasculares. Tal comportamento fez com que a Medicaid e um outro seguro de saúde estatal gastassem mais de 100 milhões de dólares (72 milhões de euros) em prescrições do medicamento.

A Merck afirma não ter conhecimento de qualquer queixa apresentada pelo Estado e pela cidade de Nova Iorque. No entanto, apesar de ainda não ter recebido nenhuma notificação acerca do processo, a farmacêutica informou em comunicado que pretende defender-se “da mesma forma como se tem defendido de outras queixas relacionadas com a Medicaid e apresentadas há mais de dez anos por outros Estados”.

Até ao momento, a Merck ganhou 10 dos 15 processos judiciais que foram a julgamento e que envolvem o anti-inflamatório. O facto da empresa ter ganho a maioria dos processos pode indiciar que “não existem provas convincentes que demonstrem que a Merck é responsável ou que o Vioxx foi o principal culpado pela morte destas pessoas”, considera David Heupel, analista da Thrivent Financial.

Marta Bilro

Fonte: First Word, The New York Times, Market Watch, Farmacia.com.pt.

1 comentário:

ptcp disse...

Bom artigo.

Este caso dá sempre que falar no meio da indústria farmacêutica, um pouco como o tema do Médio Oriente para a sociedade em geral.