segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Portugueses utilizam pouco o preservativo

Dados do último INS indicam que apenas 14% escolhem este método contraceptivo

É preciso incentivar a utilização do preservativo, um método contraceptivo que, em Portugal, não tem ganho novos adeptos, defendem os especialistas. Apresar da implementação das aulas de educação sexual e dos avanços ao nível do planeamento familiar, a percentagem de utilizadores deste método de contracepção manteve-se, na última década, praticamente inalterada, rondando os escassos 14 por cento.

A taxa de utilização sofreu mesmo uma ligeira quebra nos últimos anos. De acordo com os dados do 4.º Inquérito Nacional de Saúde (INS) recentemente divulgados, a percentagem de utilizadores situa-se nos 13,4 por cento, quando no último inquérito à Fecundidade e Família, realizado em 1997, era de 14 por cento.

Ao contrário dos espanhóis, que elegem este método como favorito, em Portugal “não houve grandes avanços ao longo da última década”, admite Duarte Vilar, da Associação para o Planeamento da Família.

Em 2005 venderam-se em Portugal 16,1 milhões de preservativos, mais 2,48 por cento do que em 2004, um número ainda assim muito distante “dos 129,5 milhões de preservativos vendidos em Espanha para o mesmo período”, refere o jornal Público citando o último relatório de actividades da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida. O que se traduz num "consumo anual médio per capita de 3,1 em Espanha e 1,6 em Portugal".

Embora os dois estudos mencionados não sejam estritamente comparáveis, uma vez que o Inquérito de Saúde não exclui os casos de mulheres sem actividade sexual, grávidas ou inférteis, é explicito o facto da pílula continuar a ser o método contraceptivo de eleição em território nacional. A percentagem de utilizadoras deste método contraceptivo manteve-se quase inalterada, com 67 por cento em 1997, face aos 65,9 do último INS.

O preço parece ser uma das principais justificações para a exclusão do preservativo por parte de muitos portugueses admite Henrique Barros, responsável pela Coordenação Nacional para a InfecçãoVIH/Sida. Porém, o problema pode estar prestes a ser resolvido com a chegada, em 2008, dos preservativos de marcas brancas, cujo preço não deverá ultrapassar os 25 cêntimos, tal como foi noticiado pelo Farmacia.com.pt, no dia 1 de Agosto de 2007.

Para além dos riscos de uma gravidez indesejada é preciso ter em conta as DST salienta obstetra Miguel Oliveira e Silva. Um dos exemplos é a elevada taxa de cancro do colo do útero existente em Portugal, que acaba por ser um dos piores reflexos deste comportamento dos portugueses. Em declarações àquela publicação, o especialista defende que "em vez de colocarmos toda a ênfase na vacina contra esta doença, deveríamos investir em campanhas do uso do preservativo".

Marta Bilro

Fonte: Público, Farmacia.com.pt.

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