terça-feira, 4 de setembro de 2007

Problemas mentais afectam 2,3 milhões de portugueses

Em Portugal, existem 2,3 milhões de pessoas com problemas psicológicos, quase 28 por cento da população, de acordo com os resultados do último inquérito nacional de saúde. No entanto, os especialistas alertam para a necessidade de se fazer uma distinção entre problemas psicológicos e situações de foro psiquiátrico, pois só assim será possível compreender a realidade.

Francisco George, director-geral da Saúde considera que, de facto “os problemas de saúde mental assumem proporções epidémicas”, relembrando as estimativas da Direcção-Geral da Saúde, que apontam para “que cerca de 20 por cento dos frequentadores dos centros de saúde tenham um problema de foro mental”. Contudo, na opinião do médico, é preciso diferenciar esses casos “das situações de foro psiquiátrico mais graves”.

Numa visão à escala global, cerca de 30 por cento da população mundial sofre de uma doença mental, refere um relatório, que contou com a contribuição de 39 especialistas internacionais e que deverá ser publicado pela revista ‘The Lancet’.

António Leuschner, director do Hospital Magalhães Lemos, no Porto, corrobora a opinião de George e revela que em 2008 talvez seja possível obter um retrato fiel da realidade, pois está já a ser realizado um inquérito exaustivo em Portugal sobre saúde mental. Quanto aos números avançados pelo estudo internacional, Leuschner não se mostra preocupado, pois considera que são apenas “projecções de estudos feitos numa escala menor que depois são aplicados a Portugal”.

O artigo que a 'The Lancet' vai publicar chama também a atenção para a falta de tratamento destas doenças, que nos países em desenvolvimento se aproxima dos 90 por cento, o que não espanta António Leuschner, pois só com um maior “acesso e um número de serviços de saúde mental” mais alargado, será possível inverter a tendência registada.

Inês de Matos

Fonte: Correio da Manhã

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