terça-feira, 16 de outubro de 2007

50% dos fármacos em desenvolvimento são biotecnológicos

Os medicamentos biotecnológicos representam já 20 por cento do mercado farmacêutico, sendo que 50 por cento dos compostos que actualmente se encontram em investigação são fármacos de origem biológica. As conclusões resultam de uma reunião mundial de especialistas do sector organizada pela Ifpma e que decorreu a semana passada em Genebra, na Suíça.

De acordo com os participantes do encontro, entre os biológicos já comercializados encontram-se hormonas, anticorpos monoclonais, enzimas terapêuticas, vacinas, terapia génica, imunoterapias ou interferência de ARN. Os dados apresentados pelos especialistas indicam ainda que a maior parte da investigação e desenvolvimento que está a ser realizada na área biotecnológica tem como alvo a luta contra o cancro. Logo depois seguem-se das novas moléculas para doenças infecciosas, desordens do sistema auto-imune, HIV/Sida, doenças cardiovasculrares, problemas neurológicos, diabetes e problemas digestivos.

“Mais de 325 milhões de pessoas no mundo foram beneficiadas por mais de 155 fármacos e vacinas biotecnológicas”, salientou Kenneth B. Seamon, do Instituto de Biotecnologia da Universidade de Cambridge, citado pelo Correo Farmacéutico. Segundo explicou o responsável, a eficácia e segurança destes fármacos estão amplamente comprovadas e os mesmos fornecem soluções para as doenças mais importantes.

Seamon acredita que “a biotecnologia está preparada para enfrentar os reptos actuais com tratamentos inovadores” e salienta que o caminho a seguir deve ser o de conseguir resolver problemas como o facto de só existir tratamento para 10 mil das 30 mil doenças conhecidas actualmente. Para além disso, pretende-se conseguir obter mais alvos terapêuticos, para passar dos 500 que actualmente existem para perto de 10 mil num futuro próximo e desenvolver mecanismos poderosos de diagnóstico e tratamento para os cerca de 30 milhões de europeus que sofrem de doenças raras.

A tecnologia recombinante, por exemplo, está a ser crucial no desenvolvimento de vacinas para doenças infecciosas, ao mesmo tempo que se estuda a sequenciação genómica dos patogénios para perceber melhor a sua estrutura biológica e identificar novos antimicrobianos, escreve o portal. A bioinformática, por sua vez, está a ser vital na identificação de novos alvos, e a tecnologia recombinante é uma parte fundamental da elaboração de produtos terapêuticos.

Tudo isto está a reflectir-se na saúde do paciente, considera Seamon. “Os fármacos biotecnológicos estão a oferecer uma oportunidade única e prometedora para prover tratamentos para doenças graves e dar resposta às exigências dos sistemas de saúde”, sublinhou. A isto, acresce ainda o facto da segurança e qualidade dos medicamentos biotecnológicos não ficar atrás da segurança e qualidade dos fármacos que se obtêm por processos químicos, até porque consegue superá-las.

Marta Bilro

Fonte: Correo Farmacéutico.

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