sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Síndrome metabólica afecta 10% das crianças portuguesas

Os maus hábitos alimentares e o sedentarismo, que já conduziram à obesidade de 30 por cento das crianças, estão agora a dar origem a problemas mais graves. Uma em cada dez crianças dos sete aos nove anos de idade sofre de síndrome metabólica, uma patologia caracterizada pela acumulação de vários factores de risco simultâneo, como a hipertensão, obesidade abdominal ou açúcar e gorduras em excesso e que triplica o risco de doença cardiovascular.

O estudo coordenado por Carla Pedrosa e que contou com a participação de três mil crianças de Aveiro entre os sete e os nove anos de idade, mostrou que "10 por cento já têm um conjunto de factores de risco cardiovascular, como hipertensão arterial, perímetro abdominal acima da média, colesterol alto, stress, glicemia elevada (diabetes)" ou triglicerídeos em altos níveis, explicou Maria Daniel Vaz de Almeida, presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação, em declarações ao jornal Diário de Notícias.

A responsável acredita que os números espelham a realidade de todo o país, "já que os hábitos alimentares não serão muito diferentes dos de Aveiro" e revelam que "as crianças começam a ter problemas típicos dos adultos, como a obesidade, diabetes ou hipertensão". Para não correr o risco dos problemas cardiovasculares, como o AVC ou enfarte do miocárdio, começarem a aparecer cada vez mais cedo, é urgente combater o problema desde a infância, salienta Maria Daniel Vaz de Almeida.

O estudo foi apresentado esta quinta-feira no Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação, que decorreu no Porto. Durante o mesmo encontro foram também expostos outros trabalhos, como é o caso do Lipgene, que envolveu seis países, incluindo Portugal, o pior classificado “com 13% dos inquiridos a reportar pelo menos três sintomas relacionados com a síndrome metabólica”, revelou a presidente da Sociedade.

O stress foi referido por 28 por cento dos inquiridos em Portugal, logo seguido do perímetro abdominal elevado (99 cm nos homens e 94 nas mulheres) e colesterol alto. "As mulheres, pessoas com mais de 55 anos e com escolaridade ao nível do ensino secundário são as mais afectadas", refere. Há, no entanto, vontade de mudar, referiu a responsável, sendo que o principal obstáculo mencionado se prende com a falta de tempo para comer ou fazer refeições saudáveis.

Os dados da Direcção-Geral da Saúde indicam que estas doenças são responsáveis por 40 por cento dos óbitos em Portugal. O país gasta anualmente 550 milhões de euros com a obesidade.

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias, Portal da Obesidade, Farmacia.com.pt.

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