segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Gardasil pode ser eficaz em mulheres até aos 45 anos

Merck tem planos para alargar indicações da vacina

O Gardasil, vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) destinada à prevenção do cancro do colo do útero, poderá oferecer protecção em mulheres até aos 45 anos de idade. Um ensaio clínico de fase III levado a cabo pela Merck e pela Sanofi-Aventis confirmou a eficácia do produto em mulheres com idade mais avançada, uma descoberta que poderá abrir caminho a uma amplificação das indicações da vacina.

Os resultados do estudo, que contou com a participação de 3800 mulheres com idades entre os 24 e os 45 anos, indicam que o Gardasil preveniu 92 por cento das doenças associadas ao HPV, como as infecções persistentes, anomalias cervicais menores, verrugas genitais e pré-cancerígenas em quatro estirpes do vírus.

“Este é o primeiro estudo de eficácia conduzido nesta faixa etária de população”, afirmou Eliav Barr, responsável pelo programa de vacinação do HPV da Merck, citado pela Reuters. “A vacina actuou como esperávamos. Foi extremamente eficaz”, acrescentou a mesma fonte.

O Gardasil, vacina comercializada pela Merck, protege contra os tipos 16 e 18 do HPV, que são responsáveis por 70 por cento de todos os casos de cancro cervical, bem como contra as estirpes 6 e 11 que causam verrugas genitais. Actualmente, a utilização da vacina está aprovada em adolescentes e mulheres com idades entre os 9 e os 26 anos, porém o laboratório norte-americano tem planos para alargar a sua aplicação a mulheres mais velhas.

Merck vai solicitar aprovação da FDA

O estudo, apresentado durante a 24ª Conferência Internacional do Vírus do Papiloma Humano em Pequim, na China, revelou que o Gardasil preveniu 83 por cento das infecções, anomalias cervicais e pré-cancerígenas e lesões genitais externas causadas pelas estirpes 16 e 18 do HPV.

As conclusões da investigação indicam também que a vacina reduziu em 94 por cento o número de citologias inconclusivas derivadas destas estirpes do vírus e preveniu em 100 por cento dos problemas causados pelas verrugas genitais com origem nas estirpes 6 e 11 do HPV.

As mulheres foram acompanhadas durante mais de dois anos após um período de vacinação de seis meses. A farmacêutica pretende ainda continuar a segui-las até um período total de quatro anos.

A Merck vai agora utilizar os dados para submeter um pedido de aprovação junto da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) para comercializar a vacina com indicações de utilização em mulheres com idade até 45 anos.

Entretanto, a GlaxoSmithKline avançou que uma nova investigação que envolveu o Cervarix, a vacina concorrente, demonstrou que esta induziu eficazmente os anticorpos do HPV no cérvix – o único local onde o vírus pode escapar ao sistema imunitário e multiplicar-se – dois anos após a inoculação.

Para Tino Schwarz, da Universidade de Wuerzburg, na Alemanha, esta descoberta prova que o Cervarix fornece protecção onde esta é mais necessária. O Cervarix já recebeu luz verde das entidades reguladoras europeia e australiana porém aguarda ainda autorização da FDA.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Hemscott, Market Watch, Farmacia.com.pt.

Sem comentários: