segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Identificado código genético do cancro do pulmão

Descoberta pode dar origem a novas terapias

Uma equipa de cientistas norte-americanos conseguiu delinear o primeiro mapa das alterações genéticas que dão origem aos tumores cancerígenos do pulmão, uma descoberta que promete abrir caminho a novas terapias. O estudo identificou 57 anomalias no código genético que são frequentemente detectadas em seres humanos com tumores do pulmão.

Ao analisar o ADN de 528 tumores, os investigadores identificaram um gene, o NKX2-1, que não estava previamente associado a qualquer tipo de cancro, mas cuja presença parece ser significativa num elevado número de tumores.

Para analisar o ADN de cada tumor pulmonar, os investigadores basearam-se em tecnologias genómicas recentes e examinaram o genoma humano em busca de centenas de milhares de marcadores genéticos, denominados polimorfismos nucleótidos simples (SPN’s). Esta observação permitiu-lhes localizar as partes do genoma do tumor cujas cópias estavam presentes em excesso ou não existiam.

“Esta é uma visão sem precedentes do genoma do cancro do pulmão”, afirmou Matthew Meyerson do Broad Institute, dependente da Universidade de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology. Para o responsável, as conclusões do estudo “fornecem bases essenciais, tendo já permitido destacar um gene importante que controla o crescimento das células pulmonares”. Meyerson acredita que a descoberta "revela detalhes cruciais acerca da biologia do cancro do pulmão e permitirá elaborar novas estratégias para o seu diagnóstico e terapêutica".

A natureza das alterações genéticas que ocorrem no cancro torna difícil a compreensão da biologia da doença e a escolha da terapia adequada a cada paciente. Se for possível determinar que uma mutação num gene particular está a desencadear o cancro do paciente, podem ser seleccionados fármacos específicos para esse doente que tenham como alvo esse gene em particular.

Para Francis Collins, director do Instituto Nacional de Investigação sobre o Genoma Humano, (EUA), o alcance das descobertas apresentadas neste estudo "vai para além do cancro do pulmão e indica que um grande número de genes ligados ao cancro permanece por descobrir".

"O mapa genético do cancro do pulmão entrega-nos uma descrição sistemática desta terrível doença, confirmando coisas que sabemos, mas que sublinham igualmente numerosas peças em falta no puzzle", referiu o professor Eric Lander, director fundador do Broad Institute e autor do estudo publicado na revista “Nature”.

Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística indicam que, em Portugal, o cancro do pulmão ocupa o segundo lugar nas mortes por cancro (13,9%), seguido do colo-rectal (14%). A nível global, o cancro do pulmão é a principal causa de mortalidade por cancro, responsável por mais de um milhão de mortes por ano.

Marta Bilro

Fonte: Science Daily, Times Online, Diário de Notícias.

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