segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Ipatimup procura terapia para cancro da mama resistente à quimioterapia

Investigadores acreditam que solução pode estar na vitamina D

Anualmente surgem em Portugal 4.500 novos casos de cancro da mama, 600 dos quais são triplo negativos, o que significa que apresentam resistência à quimioterapia e radioterapia. Uma equipa de investigadores do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup) está a tentar encontrar um tratamento para este tipo de cancro. Os especialistas acreditam que a solução poderá estar na vitamina D, uma vez que esta tem a capacidade de travar a proliferação das células.

Conforme explicaram os responsáveis pela investigação, Fernando Schmitt e José Luís Costa, em declarações ao portal Portugal Diário, o segredo pode estar na vitamina D e na forma como esta actua no nosso organismo.

O sol desencadeia uma reacção química que produz a molécula precursora da vitamina D, o que faz com que todos a tenhamos presente no nosso organismo. A vitamina D tem como função o combate à proliferação das células e, tendo em conta que está provado que há mais cancros da mama quer no Norte dos EUA e da Europa do que no Sul, porque as pessoas estão menos sujeitas à exposição solar, a hipótese de partida assentou no pressuposto de que a vitamina D (para além do conhecido efeito preventivo) possa combater a proliferação dos tumores.

No entanto, por estar também envolvida na regulação do cálcio, “ao darmos vitamina D também interferimos com a calcificação dos ossos, por exemplo», explicou José Luís Costa. “Se enchermos uma pessoa de vitamina D ela morre, mas se construirmos uma molécula com características iguais às da vitamina, mas sem os efeitos colaterais, talvez se consiga travar este tipo de cancro da mama”, acrescentou Fernando Schmitt.

O objectivo dos investigadores consiste exactamente em encontrar uma molécula que funcione apenas como anti-proliferactiva. Através de linhas celulares de tumores da mama às quais administram a vitamina D os cientistas estão neste momento a realizar estudos in vitro. Posteriormente serão administradas moléculas semelhantes à vitamina D, para ver como reagem as linhas celulares.

Os investigadores acreditam que a vitamina D «possa travar a proliferação das células cancerígenas ou então que altere as células de uma maneira que possibilite travar ou acabar com essa proliferação».

Caso se verifique a reacção esperada e depois de descoberto o composto que permite “bloquear” este tipo de cancro da mama o passo seguinte para o Ipatimup é associar-se a uma empresa da indústria farmacêutica para que sejam feitos os ensaios clínicos e se possa avançar com a comercialização de um fármaco.

Marta Bilro

Fonte: Portugal Diário.

Sem comentários: