segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Rimonabant: alerta renovado para efeitos colaterais psicológicos

Novo estudo reforça que fármaco da Sanofi-Aventis para tratar obesidade pode duplicar risco de ansiedade e depressão

Um artigo publicado pela «The Lancet» vem reforçar a tese de que o medicamento para combater a obesidade (rimonabant) – comercializado com o nome Acomplia pelo laboratório francês Sanofi-Aventis - está associado a um risco crescente de fortes efeitos psicológicos adversos.

Num entrevista dada à revista médica britânica, Arne Astrup, da Universidade de Copenhaga (Dinamarca), abordou os efeitos colaterais do rimonabant – indicado para o tratamento da obesidade – renovando o alerta para as reacções adversas do fármaco: “Pode dobrar o risco de uma pessoa ter ansiedade e depressão”, asseverou com base nos resultados de quatro estudos feitos com mais de 4.000 doentes.

Segundo noticia a «The Lancet», a equipa do investigador Arne Astrup verificou que os pacientes que recebiam o rimonabant (20 mg/dia) “apresentaram um risco de sofrer efeitos colaterais em 40%, comparativamente, àqueles que receberam um placebo”, sustentando que
os doentes do rimonabant “correram um risco de serem obrigados a interromper o tratamento na sequência problemas relacionados à depressão (2,5 vezes mais que os que receberam placebos) e à ansiedade (3 vezes mais).”

De acordo com a equipa dinamarquesa, “o trabalho sugere que o uso de 20 mg/dia de rimonabant aumenta o risco de efeitos psiquiátricos, nomeadamente, problemas de humor e ansiedade", ressalvando que as pessoas que apresentavam antecedentes de depressão ou de doenças psiquiátricas foram excluídas dos testes.

Recorde-se que, no passado Verão - tal como tem vindo a divulgar o farmacia.com.pt – investigadores norte-americanos, assim como, a Food and Drug Administration (entidade que regula os alimentos e fármacos nos Estados Unidos) pronunciaram-se contra o fármaco e a FDA rejeitou a comercialização do medicamento no país, advogando que “podia levar a um aumento de problemas psicológicos, neurológicos e pensamentos suicidas.”

Por seu turno, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), - que regula o mercado do medicamento no Brasil - aprovou o registo do Acomplia (rimonabant) “para o tratamento de pacientes obesos, ou com sobrepeso, e com factores de risco cardiometabólicos associados como diabetes tipo 2 ou dislipidemia.”

No entanto, na Europa, a Agência Europeia de Medicamentos (EMEA) decidiu, dia 19 de Julho, manter o produto no mercado, ordenando, contudo, que não fosse prescrito às pessoas que apresentassem depressão grave ou que fossem tratadas com antidepressivos.

Entretanto, segundo revelou a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), o Comité de Medicamentos de Uso Humano (CHMP) recomendou alterações ao Resumo das Características do Medicamento (RCM) apontando o risco de depressão associado ao fármaco.

De referir que, em Portugal, este medicamento não se encontra comercializado, não obstante, o Infarmed reconhece que “não é possível excluir a sua utilização”, sublinhando tratar-se de um Medicamento Sujeito a Receita Médica.

Raquel Pacheco

Fonte: AFP/The Lancet/ Medscape

http://www.medscape.com/viewarticle/566344?src=rss

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