quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Leite materno ajuda no desenvolvimento intelectual das crianças

QI pode ser até sete pontos mais elevado

Um estudo desenvolvido pela Academia Nacional das Ciências do Reino Unido concluiu que as crianças com o gene FADS2, que são alimentadas com leite materno, podem atingir um quociente intelectual (QI) sete pontos mais elevado do que o daquelas que, possuindo o mesmo gene, não são alimentadas da mesma forma.

O gene em questão ajuda a reduzir os ácidos gordos da dieta alimentar e estão directamente ligados ao desenvolvimento do cérebro. Para os investigadores a descoberta assume grande importância, pois sete pontos no QI de uma criança em idade escolar é uma diferença suficiente para a colocar entre as três mais inteligentes da sua turma.

Os investigadores do Instituto de Psiquiatria, do Kings College London, perceberam que o gene FADS2 existe em 90% dos indivíduos, usando para tal dados de dois estudos anteriores, relativos a crianças amamentadas a leite materno, no Reino Unido e na Nova Zelândia e que envolveram mais de três mil indivíduos. As crianças participantes nestes estudos foram sujeitas a diversos métodos de medição do QI, eram estudantes e encontravam-se na faixa etária entre os cinco e os 13 anos.

Investigações anteriores sobre inteligência e amamentação levaram a conclusões antagónicas. A partir daqui, desenvolveu-se uma discussão académica em torno do assunto, procurando saber se as mães que tinham atingido um maior grau académico nos seus estudos ou que possuíam um mais elevado nível cultural, estariam mais dispostas a amamentar e influenciariam, desta forma, os resultados.

Terrie Moffitt, investigador da Academia Nacional de Ciências britânica e co-autor do estudo, revelou que as conclusões agora alcançadas dão uma nova perspectiva na argumentação, mostrando a intervenção de um mecanismo fisiológico, que diferencia a alimentação ao peito do leite administrado a crianças por biberão.

"O argumento sobre a inteligência tem sido utilizado no último século, no debate entre natureza e nutrição", refere Moffitt . "Contudo, conseguimos agora demonstrar que, de facto, a natureza trabalha através da nutrição para potenciar futuramente a saúde das crianças."

Desde que os estudos utilizados nesta análise foram divulgados, a indústria de produtos lácteos começou a adicionar ácidos gordos ao leite, mas os resultados apurados têm apresentado resultados inconsistentes.


Inês de Matos

Fonte: Diário de Notícias

1 comentário:

Rui Borges disse...

Excelente a escolha do tema, uma vez mais, peca pela escassez de pesquisa e desenvolvimento das fontes...