quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Quiroprática pode causar danos permanentes na coluna e matar

Estudo alerta para sérios riscos e defende controlo mais rigoroso

A quiroprática - um dos principais tratamentos alternativos para dor nas costas – pode causar danos permanentes na coluna e até matar. O alerta saiu de um estudo publicado pela revista especializada «Journal of the Royal Society of Medicine».

A dissecção das artérias vertebrais, o rompimento da dura-máter, edemas, danos no nervo, hérnia de disco, fracturas ósseas, inclusive, a morte são algumas das consequências da manipulação da coluna dorsal (prática adoptada na quiroprática) relatadas no estudo de Edzard Ernst.

Para o investigador, este tipo de medicina manual apresenta “sérios riscos e deveria ser controlada mais rigorosamente”, denunciando que "a quiroprática está associada a efeitos adversos leves, frequentes e passageiros, além de complicações sérias que podem levar a danos permanentes e à morte", advertiu.

Ao analisar dados de 32 estudos anteriores, além de inquéritos com médicos e quiropráticos, Ernst que é também director de medicina complementar da Peninsula Medical School, das universidades de Exeter e Plymouth, chegou à conclusão de que a dissecção das artérias vertebrais é um dos efeitos mais comuns desta técnica.

O autor do estudo revelou ainda que, na maioria dos casos com complicações, como rompimento da dura-máter (a membrana externa e mais resistente da medula espinhal) edemas, danos no nervo, hérnia de disco e fracturas ósseas “a manipulação da espinha superior foi apontada como causa.”

Trombose, embolia ou espasmo

De acordo com o «Journal of the Royal Society of Medicine», a quiroprática consiste em uso de pressão sobre vértebras do paciente e, na opinião de Ernst “pode resultar em danos às artérias que correm junto à coluna”, acrescentando que “alguns desses danos podem ser seguidos de sangramentos internos ou formação de pseudo-aneurismas, que podem resultar em trombose, embolia ou espasmo arterial.”

Deste modo, o especialista coloca em dúvida a eficiência da quiroprática como tratamento para dores nas costas ou no pescoço, advogando que
“a informação dos riscos aos pacientes deve ser mandatória para todos os terapêutas que aplicam a técnica.”

No entanto, na opinião dos quiropráticos, a ligação causal entre a prática e os efeitos descritos “é questionável”, alegando que “um dos primeiros sinais da dissecção das artérias vertebrais é a dor no pescoço, que muitas vezes é o que leva o paciente a procurar a terapia.”

Por seu turno, o autor do estudo considera “questionável” as estimativas dos quiropráticos que indicam que apenas 1 em cada 100 milhões de pacientes sofre danos por causa do tratamento.

De referir que, a quiroprática difere da osteopatia sobretudo na maneira de tratar as articulações onde as manipulações são diferentes e por se dedicar a tratar muitos dos problemas internos que têm origem na compressão das raízes nervosas ao nível da coluna.

Raquel Pacheco

Fonte: BBCNews /«Journal of the Royal Society of Medicine»/http://sacrocraniana.no.sapo.pt/index.html

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