sábado, 16 de junho de 2007

Terapia da imaginação minimiza insónias

Uma técnica descrita como “terapia de ensaio da imaginação” apresentou benefícios significativos em pacientes com insónia crónica, permitindo que durmam uma noite de sono completa, ao mesmo tempo que ajudou a diminuir a depressão e a ansiedade. A descoberta foi apresentada esta semana durante o “Sleep 2007”, a conferência anual para cientistas do sonho, investigadores e representantes da indústria que decorreu em Minneapolis.

“A terapia da imaginação é algo que as pessoas podem aprender a fazer elas próprias”, afirmou Yara Molen, da Universidade Federal de São Paulo, em declarações à Reuters.

Esta especialista estudou 24 pessoas com insónia crónica, através de reuniões de duas horas por um período de cinco semanas durante as quais recebiam conselhos básicos educativos sobre higiene do sono e controlo de estímulos. Para além disso eram também transmitidos conhecimentos acerca de crenças de atitudes que não se coadunam com uma boa noite de sono.

Entre o grupo de indivíduos envolvidos no estudo, 12 deles foram ensinados a praticar terapia da imaginação. Segundo referiu Molen, “eles ouviam um CD antes de irem para a cama que lhes ensinava a respirar, a relaxar, a orientar a imaginação, algo que os ajuda a livrarem-se das preocupações e deixarem-se levar pelo sono”.

“As preocupações, a ansiedade e a depressão, perturbam o sono de muitas pessoas”, afirmou Molen. Esta especialista acredita que é necessário que cada um descubra as emoções que se encontram por detrás das preocupações e que libertem essas mesmas preocupações antes de se deitarem. “O CD ajuda-as a fazer isso”, salientou.

As pessoas com insónia que praticaram terapia nocturna de ensaio da imaginação registaram melhorias tanto na qualidade do sono como na quantidade. “O tempo total de sono aumentou 30 minutos comparativamente ao grupo que não praticou terapia da imaginação”, afirmou a responsável. Para além disso, houve também um decréscimo das taxas de depressão e ansiedade com a aplicação da terapia. As preocupações com o sono melhoraram em ambos os grupos mas as melhorias do grupo submetido à terapia foram superiores.

Por enquanto, o CD de terapia da imaginação desenvolvido por Molen é apenas aplicado nas pesquisas, porém a especialista tem planos para comercializá-lo.

De acordo com o portal Médicos de Portugal, a insónia é a mais comum desordem do sono na Europa e Estados Unidos e igualmente a mais incompreendida.

Caracteriza-se pela dificuldade em conciliar o sono ou permanecer adormecido, ou uma alteração no padrão do sono que, ao despertar, leva à percepção de que o sono foi insuficiente. A insónia não é uma doença, mas um sintoma, explica o Manual Merck. Pode ser consequência de diversas perturbações emocionais e físicas e do uso de medicamentos. A dificuldade em conciliar o sono é frequente entre jovens e idosos e muitas vezes manifesta-se no decurso de alterações emocionais, como a ansiedade, o nervosismo, a depressão ou o temor. Há mesmo pessoas que têm dificuldade em conciliar o sono simplesmente porque não experimentam cansaço, nem físico nem mental.

A insónia crónica tem uma duração geralmente superior a seis meses e pode ser recorrente ao longo de vários anos. As principais consequências da insónia são geralmente a perturbação do humor, a fadiga, a diminuição do desempenho e as dificuldades no plano social. A constatação destes problemas reforça as cognições disfuncionais, aumenta a activação e potencia a insónia.

Marta Bilro

Fonte: Bloomberg, Reuters Health, Médicos de Portugal, Manual Merck, Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral.

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