sexta-feira, 13 de julho de 2007

Nova técnica imita e acelera a replicação de priões
Diagnóstico de Creutzfeldt-Jakob facilitado

A doença de Creutzfeldt-Jakob, variante humana da encefalopatia espongiforme bovina, poderá estar a um passo de ser mais facilmente diagnosticável. Cientistas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, desenvolveram uma nova técnica de imitação e aceleração do processo de replicação de priões, onde pode residir a chave para o problema.

De acordo com um estudo publicado no «Journal of Pathology», aquela doença, que é causada pela presença de priões que eliminam as células do cérebro, cujo tecido adquire a aparência de uma esponja, poderá tornar-se detectável de modo mais fácil e rápido com a utilização da técnica agora desenvolvida, que imita e acelera a replicação dos priões. Embora o método só tenha sido experimentado ainda com animais, os investigadores acreditam que será possível a sua aplicação em trabalhos com a variante humana da doença, sendo necessários estudos adicionais para aferir se a nova técnica poderá ter aplicação noutro tipo de tecidos.
O professor James Ironside, da equipa de observação da doença de Creutzfeldt-Jakob, considera que actualmente a realização do teste exige demasiado tempo para que possa permitir um diagnóstico rápido num centro de recolha de sangue. No entanto, disse que ele poderia ser usado num centro nacional, para confirmar os resultados de testes anteriores e evitar falsos diagnósticos. Igualmente designada como BSE ou “doença das vacas loucas”, a Creutzfeldt-Jakob surgiu com força no Reino Unido no início dos anos 90, causando 161 mortes, entre elas as de três pessoas que foram contagiadas por transfusões de sangue.

Cenário nacional
Em Portugal não há notícias de casos desta doença em seres humanos, mas um primeiro diagnóstico em animais surgiu terá surgido em Junho de 1990, apesar de ter sido mantido em segredo durante três anos, altura em que uma audição e um inquérito parlamentar tiveram como resultado a “não conclusão da existência da doença das vacas loucas em Portugal”. Só em Julho de 1994 foi reconhecida a sua existência, com uma distribuição geográfica decalcada da distribuição de bovinos leiteiros, tendo por isso maior concentração nas regiões de Entre-Douro-e-Minho, Beira Litoral e Trás-os-Montes e Alto Douro.
A região autónoma dos Açores, que tem uma grande concentração de bovinos leiteiros, manteve-se isenta até 2000, ano em que a doença foi detectada num boi importado da Alemanha. Até 1994 todos os casos diagnosticados tinham origem em animais importados do Reino Unido, e em 1996 foi constituído um plano de erradicação da BSE, que previa o abate de todos os animais coabitantes com os casos confirmados, com a recolha sistemática de amostras e consequente análise laboratorial.

Carla Teixeira
Fonte: Journal of Pathology, ASAE, Ministério da Agricultura

1 comentário:

ptcp disse...

Esta notícia já foi publicada no portal.
"BSE: processo de detecção melhorado"
http://www.farmacia.com.pt/index.php?name=News&file=article&sid=3577
11/07/2007