quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Descoberta de “sensor de açúcar” no intestino poderá beneficiar o combate à diabetes

Investigadores da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, identificaram uma molécula no intestino que consegue detectar o conteúdo doce da dieta alimentar. Até agora, os únicos receptores conhecidos dos sabores doces encontravam-se na língua. Esta investigação foi publicada na "Proceeding of the National Academy of Sciences” (PNAS).

Os investigadores descobriram que o receptor do sabor doce que sente o açúcar e adoçantes artificiais não está somente na língua, mas também no intestino. Esta descoberta deixa em aberto a possibilidade de novas abordagens para o tratamento da diabetes e da obesidade. Além disso, também poderá explicar a razão pela qual os alimentos e bebidas com edulcorantes artificiais por vezes não conseguem ajudar a reduzir o peso.

Os investigadores observaram que a absorção de açúcares no intestino é mediada por uma proteína – transportadora de açúcar – que varia a sua resposta consoante o conteúdo do açúcar das comidas. O intestino utiliza um sistema de sensores de glicose para medir as variações, mas até agora a natureza deste sistema era desconhecido.

A professora Soraya Shirazi-Beechey, uma das investigadoras, declarou que a equipa descobriu que o receptor dos sabores doces e a proteína do gosto, a gustducin, encontram-se nas células gustativas do intestino. Estas proteínas que detectam o sabor doce permitem aos humanos e aos animais detectar a glicose presente no intestino. Os investigadores descobriram que os ratos que não têm o gene destas proteínas são incapazes de processar a produção do açúcar intestinal, sendo por isso também incapazes de regular a capacidade intestinal de absorver os açúcares.

A investigadora acrescentou ainda que, surpreendentemente, também foi observado que este receptor era capaz de detectar açúcares artificiais nas comidas e nas bebidas, resultando no aumento da capacidade do intestino de absorver os açúcares. Isto pode ajudar a explicar a razão pela qual os adoçantes se revelam ineficazes a ajudar as pessoas a perder peso.

A equipa de investigação está agora a pesquisar mecanismos nos quais estes receptores poderão ser adaptados para beneficiar as pessoas com distúrbios relacionados com a dieta alimentar, como por exemplo, na diabetes, uma vez que nesta doença o nível de açúcar no sangue é mais elevado do que o normal. Para esta condição, caso fosse possível utilizar o receptor de sabor como um interruptor, poderia ser possível programá-lo de maneira a que só a quantidade apropriada de açúcar fosse absorvida pelo organismo.

Isabel Marques

Fontes: www.dmedicina.com, www.liv.ac.uk

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