quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Shoppings da saúde: Grupo privado pretende convergir serviços

Projecto prevê uma Casa de Saúde por cada distrito do país

Ainda não passou do papel mas começa já a despertar o interesse de alguns profissionais do sector. A ideia consiste na criação de um espaço comum onde será possível fazer análises clínicas, radiografias, ir ao oftalmologista ou a uma consulta de clínica geral e também fazer uma refeição num restaurante, ir ao banco, à lavandaria ou mesmo ao ginásio. O conceito é aliciante e nasce da vontade de um grupo privado que pretende criar em Portugal 25 "centros comerciais da saúde" nos próximos anos.

O projecto, coordenado por Nuno Delerue, ex-deputado social-democrata, engloba todos os distritos do país e tem já entidades clínicas interessadas em ocupar metade dos espaços. "A sala de espera lúgubre desaparece", salienta o responsável, para dar lugar a um espaço apetrechado com equipamento electrónico que permite ao utente saber daí a quanto tempo terá consulta. Nesse compasso de tempo será possível deslocar-se pelo espaço envolvente e ir à farmácia, ao oculista, ao cabeleireiro ou à lavandaria.

Pretende-se desenvolver uma "loja do cidadão da saúde", refere Delerue, que rejeita a expressão shopping de saúde. Em declarações ao jornal Público, o responsável lança no ar uma questão que pretende servir de explicação ao conceito: porquê é que as pessoas vão logo às urgências? Sabem que é onde lhes fazem tudo o que é necessário num só sítio.

Na opinião de Nuno Delarue, estas Casa de Saúde não vão pôr em causa a sobrevivência dos pequenos consultórios privados, isto porque, muitos deles terão interesse em transferir-se para estes espaços. Este também não é um apelo ao consumismo clínico, defende, justificando que "não se trata de autoconsumo", já que a triagem é médica e assenta na prescrição de exame ou análises.

A pré-selecção para a criação das referidas Casas de Saúde apontou 68 concelhos como alvos principais, mas é garantida a construção de uma por distrito, mesmo nas zonas do país menos convidativas em termos económicos. O grupo estima que o número de visitantes oscile entre os dois mil e os cinco mil por dia. Espera-se que sejam criados 4865 novos empregos, excluindo as profissões de saúde, sendo que, o número de médicos poderá rondar os 100 profissionais por unidade. Os responsáveis ambicionam avançar com a primeira Casa de Saúde ainda este ano e ter prontas seis casas até 2009. Numa segunda fase, avançarão as 19.

O Grupo Sanusquali, criado em Maio deste ano especificamente para este projecto, conta com o envolvimento de vários médicos e empresários ligados ao ramo da saúde, como é o caso de José Vila Nova (Grupo Hospital da Trofa), Teófilo Leite (Casa de Saúde de Guimarães), Albano Mendonça (Hospital Internacional do Algarve) e Germano de Sousa, ex-bastonário da Ordem. O valor total, que envolve 1239 milhões de euros, ainda não está reunido e estão na mesa várias hipóteses de financiamento, referiu Delerue.

Marta Bilro

Fonte: Público

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