terça-feira, 28 de agosto de 2007

Medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias
Vendas atingiram os 5,6 milhões de euros


O volume de vendas de medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias atingiu, no período compreendido entre Janeiro e Julho deste ano, um valor acima dos 5,6 milhões de euros, cerca de cinco vezes mais do que no período homólogo de 2006. São números avançados pela Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde, e correspondem à comercialização de mais de 1,2 milhões de embalagens.

Numa nota divulgada ontem, o Infarmed atesta que a venda daqueles fármacos chegou aos 5.612.543 euros, contabilizando os totais das vendas dos 488 estabelecimentos de dispensa de medicamentos actualmente existentes fora da rede de farmácias (em Julho do ano passado havia apenas 186 daquelas lojas em Portugal). O mercado tem vindo a sofrer um alargamento progressivo desde que o Governo liberalizou a comercialização dos fármacos que não exigem prescrição médica, permitindo que passassem a ser vendidos fora da rede nacional de farmácias. Já no períoro compreendido entre Janeiro e Julho de 2006, as vendas dos chamados OTC (“over the counter”) atingiram, em Portugal, um valor de 1.103.680 euros, cinco vezes abaixo do agora divulgado pelo Infarmed, e que teve como correspondência a disponibilização de apenas 250 mil embalagens.
De acordo com a análise da entidade reguladora, também neste ano os medicamentos mais vendidos foram os analgésicos e os antipiréticos, que totalizaram 23 por cento do volume transaccionado, e o princípio activo mais vendido foi o paracetamol, embora no que diz respeito ao valor tenha sido a nicotina, vendida em pastilhas e pensos com vista a combater o vício do tabaco. Os distritos de Lisboa, Porto e Setúbal – mais populosos e com maior número de estabelecimentos de dispensa de fármacos fora da rede nacional de farmácias – absorveram a maior fatia das vendas realizadas naquele período, tendo a cadeia de hipermercados Modelo/Continente totalizado cerca de 40 por cento daquele mercado, uma realidade abordada num estudo da Deco que, como o farmacia.com.pt oportunamente noticiou, dava justamente conta da prática, nas grandes superfícies, de preços inferiores aos existentes antes da liberalização do sector dos medicamentos sem receita.

Carla Teixeira
Fonte: Infarmed, «O Primeiro de Janeiro», farmacia.com.pt

4 comentários:

ptcp disse...

Há excertos do texto qu estão um pouco confusos: "O mercado tem vindo a sofrer um alargamento progressivo desde que a comercialização dos fármacos que não exigem prescrição médica.". Quando refere ontem, refere-se a que dia?

Pode extender a interpretação do estudo interrogando, por exº, a validade do aumento do consumo de analgésicos e antipiréticos ao nível da saúde pública, quando refere que o valor do volume de vendas aumentou 5 vezes face ao período homólogo do ano anterior. Também se põe a questão se os preços fora das farmácias estão mais baixos neste estabelecimentos que na rede nacional das farmácias.

Bom trabalho.

Carla Teixeira disse...

Boa tarde! Já corrigi o parágrafo que considerou estar confuso. De facto estava incompleta a ideia, e assim o entendimento não seria de todo facilitado. Quanto ao dia a que me refiro é exactamente o dia de ontem, pois foi ontem que o Infarmed divulgou os dados reportados neste artigo. Sei que nem sempre os artigos colocados no blog são publicados no mesmo dia no site, o que por vezes penaliza a correcção da informação, mas optei por esclarecer o dia em que o documento foi divulgado, julgando que dessa forma se informa melhor o leitor do farmacia.com.pt.
Entendo também as sugestões que faz no sentido de questionar o aumento significativo das vendas de analgésicos e anti-piréticos, que a meu ver estará relacionada com um maior facilitismo na sua aquisição, quase em regime de self-service, mas não fui por aí por recear que isso pudesse tornar a notícia mais especulativa do que informativa. No que diz respeito à tabela de preços praticados, e como há semanas foi noticiado no portal, os hipermercados são as entidades responsáveis pela baixa de preços dos medicamentos OTC, na medida em que os transaccionam a preços mais baixos do que a rede nacional de farmácias. Julgo não estar errada nestes dados - estou a falar de memória - mas creio que é de facto isso que afirma um estudo anteriormente publicado no nosso portal.

ptcp disse...

As questões pretendia colocá-las à Carla, incentivando a sua investigação nesse sentido para acrescentar valor ao artigo. Mas compreendo a sua relutância em abordar estas questões sem dados concretos a sustentar as conclusões. Referir a opinião de um farmacêutico é sempre uma boa forma de expor as interpretações que se podem fazer desses estudos. Quanto mais relevante o farmacêutico mais válida a opinião.

Os dados publicados acerca dos preços dos MNSRM fora das farmácias comparam-nos com o período anterior à liberalização e não com o actual preço, e preço concorrente, na rede nacional das farmácias.

Obrigado pela rapidez da resposta. Bom trabalho.

Carla Teixeira disse...

Peço então desculpa pelo mal-entendido. Se era um desafio, está obviamente aceite. Diligenciarei no sentido de abordar esses temas com a brevidade que me for possível. Obrigada pelo incentivo.