terça-feira, 28 de agosto de 2007

Ressonância Magnética ajuda diagnóstico de esclerose múltipla

Imagens do cérebro de doentes obtidas através de Ressonância Magnética permitiram a uma equipa de investigadores norte-americanos identificar uma anormalidade relacionada com a progressão da esclerose múltipla (EM). Os resultados do estudo, publicado na última edição da revista “Rediology”, representam uma inovação no diagnóstico da doença.

“Com base nestas descobertas, os médicos poderão diagnosticar a esclerose múltipla de forma mais exacta e identificar pacientes em risco de desenvolver esta doença progressiva”, afirmou Rohit Bakshi, professor assistente de Neurologia e Radiologia da Escola Médica de Harvard.

A Esclerose Múltipla é uma doença inflamatória crónica, caracterizada pela destruição da mielina, camada protectora que rodeia as células nervosas. A doença interfere com a capacidade do sistema nervoso central para controlar funções como a visão, a locomoção ou o equilíbrio. Os dados da Associação Nacional de Esclerose Múltipla indicam que a doença afecta aproximadamente 2,5 milhões de pessoas no mundo, das quais 450.000 na Europa, a maioria mulheres com idades entre os 20 e os 50 anos, sendo a incidência maior nos países nórdicos. Em Portugal, estima-se que o número de doentes seja cerca de 5.000.

Apesar de existirem quatro classificações de EM, a Recorrente Remissiva, que atinge cerca de 60 por cento dos pacientes com menos de 40 anos, e a Secundariamente Progressiva, que resulta da evolução da anterior, são as duas mais comuns.

Os cientistas analisaram os dados de 145 doentes de EM, 112 mulheres e 33 homens, dos quais 92 estavam na fase Recorrente Remissiva da doença e 49 Secundariamente Progressiva. Em quatro pacientes a classificação da doença era desconhecida. Nos pacientes com EM, as imagens dos cérebros, obtidas por Ressonância Magnética, permitiram observar a frequência de áreas brilhantes chamadas lesões Hiperintensas, também conhecidas por áreas de «redução de T1».

Posteriormente, os investigadores procuraram perceber se haveria uma relação entre a frequência e a localização dessas lesões e a progressão da doença, atrofia do cérebro e incapacidade em pacientes com EM. A análise identificou 340 lesões T1 Hiperintensas em 123 pacientes e revelou que essas lesões são mais comuns em pacientes com EM Secundariamente Progressiva.

Entre os pacientes com EM Secundariamente Progressiva, 71 por cento apresentavam múltiplas lesões T1 Hiperintensas, que eram detectadas por 46 por cento dos pacientes com Recorrente Remissiva.

“As descobertas sugerem que as lesões T1 Hiperintensas ocorrem geralmente em pacientes com EM e que a presença de lesões múltiplas indica um risco de avanço do curso da doença”, referiu Baksh. O especislista considera, por isso que esta forma de diagnóstico é essencial na detecção e acompanhamento da progressão da doença.

Marta Bilro

Fonte: Lusa, Diário Digital, Associação Nacional de Esclerose Múltipla.

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