terça-feira, 28 de agosto de 2007

Resultados da investigação serão divulgados no fim de 2009
Vacina que simula infecção por HIV em testes


Investigadores norte-americanos anunciaram, numa conferência dirigida à comunidade científica da cidade brasileira do Rio de Janeiro, que chegaram a um estádio inédito em estudos com vacinas para travar a progressão do vírus da sida. Pela primeira vez, disse Edécio Cunha Neto, cientista da Universidade de São Paulo e organizador do seminário, um ensaio clínico incidirá no acompanhamento de grupos de mais de três mil pessoas. A divulgação dos resultados deverá ter lugar no final de 2009.

Os testes à vacina terapêutica contra a sida – dado que não é ainda expectável a aposta no desenvolvimento de uma vacina preventiva para a doença – serão realizados através de uma parceria entre a companhia farmacêutica Merck e o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, que na passada semana tornaram públicos resultados positivos de testes que têm vindo a ser feitos, com grupos de até seis dezenas de pessoas. No caso de os novos testes funcionarem como prevêem as duas entidades envolvidas, quem for inoculado com a vacina obterá, na eventualidade de vir a ser infectado pelo HIV, uma taxa de sobrevida maior do que a que teria sem a vacina, revelando-se também menos dependente da toma de medicamentos anti-retrovirais.
No seguimento das pesquisas realizadas até agora, que demonstraram uma melhoria na capacidade do organismo para combater um vírus criado pelos cientistas em laboratório, e que contém fragmentos de ADN do HIV, assemelhando-se a uma espécie de vírus da sida simulado. A vacina foi bem tolerada em 70 por cento dos voluntários submetidos ao primeiro estudo. Agora, a Merck está a preparar a chamada fase 2B dos testes, testando a mesma vacina em grupos alargados de pessoas. Edécio Cunha Neto explica que esta vacina deverá, depois injectar no músculo de ADN a solução que codifica as proteínas do HIV, fazer com que ela se transforme em RNA no interior das células humanas, e em seguida assumir a forma de proteínas que farão o sistema imune iniciar a proliferação de linfócitos específicos para combater os fragmentos do vírus da sida”.

Carla Teixeira
Fonte: «Folha de São Paulo»

Sem comentários: