terça-feira, 9 de outubro de 2007

CE: Indústria farmacêutica é a que mais investe em I&D

O sector farmacêutico lidera, pela primeira vez, a lista de indústrias que mais gastaram em Investigação e Desenvolvimento (I&D) no ano passado, revela um estudo apresentado pela Comissão Europeia (CE).

A mesma análise indica que as empresas farmacêuticas e biotecnológicas gastaram 15,7 por cento mais face à avaliação anterior, num total de 70,5 mil milhões de euros investidos da I&D em 2006, superando o sector das tecnologias, hardware e equipamento, com um gasto de 64,5 mil milhões de euros. A nível mundial, o investimento das empresas em I&D aumentou 10 por cento comparativamente ao anterior balanço.

A Pfizer destaca-se como o maior investidor individual, com 5,76 mil milhões de euros gastos, ultrapassando a Ford Motors, que registou um investimento de 5,5 mil milhões de euros. Para além do laboratório norte-americano há mais duas farmacêuticas no top 10 dos maiores investidores mundiais, é o caso da Johnson & Johnson em terceiro lugar e da GlaxoSmithKline a ocupar o sétimo posto e a destacar-se enquanto o maior investidor europeu. Logo a seguir à Pfizer, J&J e GSK, surgem como maiores investidoras a Sanofi-Aventis, a Roche, a Novartis, a Merck, a AstraZeneca, a Amgen e a Eli Lilly.

O relatório da CE compara ainda os gastos em I&D e as vendas anuais das empresas, o que poderá ser encarado como uma avaliação da qualidade dos produtos. No entanto esta é uma questão problemática para uma indústria na qual uma grande parte das inovações em biotecnologia não apresenta quaisquer vendas. Ainda assim, entre as grandes empresas farmacêuticas, a Amgen e a Merck são as que gastam uma maior proporção das suas vendas em I&D (mais de 20 por cento cada).

O estudo faz ainda uma avaliação aos gastos da I&D com funcionários, porém, esta pode ser considerada uma comparação injusta, uma vez que o volume de vendas das grandes farmacêuticas as forçam a possuir uma grande quantidade de funcionários que nada têm que ver com a I&D.

Outro dos problemas que se coloca a este tipo de análises estatísticas prende-se com o facto de alguns dos lucros provenientes da I&D serem contabilizados a dobrar, graças aos acordos de licenciamento. Embora o número de parcerias deste tipo se tenha mantido, ou aumentado ligeiramente, o preço dos acordos cresceu significativamente.

Os custos da investigação para uma grande farmacêutica vão incluir uma fatia do dinheiro gasto no licenciamento de potenciais fármacos ou tecnologias de pequenas empresas. Assim, o pré-acordo inicial de investigação é contabilizado por duas vezes – uma primeira pela contabilidade da pequena empresa e uma outra pelo pagamento adiantado relativo ao acordo de licenciamento.

De acordo com o analista Michael McCully, as empresas que mais estabelecem acordos de licenciamento na indústria farmacêutica, como é o caso da Merck, Novartis, GSK e AstraZeneca, concretizaram entre 35 e 57 acordos em 2004. O impacto destas parcerias nos gastos totais da I&D não é claro, uma vez que os pagamentos iniciais são muito inferiores ao valor total do negócio.

Marta Bilro

Fonte: DrugResearcher.com.

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