terça-feira, 9 de outubro de 2007

Combinação de fármacos contra o HIV/Sida retarda degradação cerebral

Uma equipa de investigadores da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, concluiu que a combinação de fármacos utilizada no tratamento do HIV/Sida consegue retardar a degradação cerebral causada pelo vírus. A investigação foi publicada no jornal Neurology e permite avaliar o progresso da degradação do cérebro que frequentemente ocorre nestes pacientes.

A combinação de vários medicamentos, conhecida como terapia anti-retroviral altamente activa ou HAART, permite inibir o vírus, mas não o remove do organismo, ou seja, os pacientes não atingem a cura, mas a terapia impede que os seus sistemas imunitários se degradem, como acontece com os pacientes que não seguem o tratamento.

O HIV ataca o cérebro e todo o sistema nervoso, sendo que antes de a terapia HAART estar disponível cerca de 20% das pessoas infectadas tinha problemas de demência. Contudo, nem todos os fármacos que compõem a mistura produzem efeito no cérebro, dai que os investigadores não tenham ainda conseguido perceber completamente de que forma agem estes medicamentos.

Na investigação participaram 53 indivíduos infectados com HIV/Sida que ao longo de um ano receberam tratamento com recurso à terapia HAART. Antes do tratamento, 21 dos pacientes apresentavam elevados níveis de uma proteína chamada neurofilamento (NFL), que os investigadores acreditam ser a responsável pela degradação cerebral causada pelo vírus.

Após três meses de tratamento com a HAART, os altos níveis de NFL apresentados por alguns pacientes desceram vertiginosamente, até um nível considerado normal, em cerca de metade dos doentes. Ao fim de um ano, os pacientes que continuavam a apresentar altos níveis de NFL eram apenas quatro. À excepção de um paciente, todos os outros continuaram a apresentar níveis normais desta proteína, ao longo de um ano.

Para Asa Mellgren, um dos investigadores responsáveis pelo estudo, “este tipo de tratamento parece travar o processo neurodegenerativo causado pelo HIV”.

“Este estudo confirma que a proteína de neurofilamento é uma ferramenta muito importante, que permite marcar a monitorização das lesões cerebrais nos indivíduos com HIV e avaliar a eficácia da terapia HAART”, conclui o investigador.

Inês de Matos

Fonte: Reuters

Sem comentários: