terça-feira, 9 de outubro de 2007

Prémios Pfizer 2007 distinguem trabalhos sobre multiplicação celular e regeneração óssea

A entrega dos Prémios Pfizer de Investigação 2007 decorreu esta terça-feira no Salão Nobre da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e premiou um trabalho sobre o processo de multiplicação celular e outro sobre regeneração óssea, nas áreas da investigação básica e clínica, tendo ainda sido atribuída uma bolsa de estudo a um projecto de investigação sobre patologias cardíacas, na área da investigação geriátrica.

Os investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e do Serviço de Fisiologiada Faculdade de Medicina da Universidade do Porto foram galardoados nas categorias de investigação básica e investigação em geriatria, enquanto que na área da investigação clínica foi premiada uma colaboração que envolveu investigadores de várias instituições nacionais.

O prémio de Investigação básica, no valor de 20 mil euros, foi atribuído ao trabalho “A formação dos centrossomas: será preciso um molde?”, de Ana Rodrigues Martins e Mónica Bettencourt Dias.

Este trabalho tinha já sido publicado em Maio na revista Science e permite romper com ideias vigentes desde o século XIX que faziam crer que o centrossoma - estrutura presente em todas as células e que regula a sua multiplicação - funcionaria como modelo para a multiplicação das células.

De acordo com Mónica Bettencourt Dias, uma das autoras do estudo, este trabalho veio demonstrar que "basta que se verifique a presença da molécula SAK - presente em todos os organismos celulares - e que esta registe um aumento de actividade para que se possam reproduzir centrossomas".

Esta investigação permitiu perceber como o centrossoma se forma e, a muito longo prazo, pode abrir possibilidades quanto ao "diagnóstico e prognóstico do cancro", uma doença na qual se verifica uma "desregulação na multiplicação de células", explicou a investigadora.

A bolsa de investigação contemplou a área da geriatria e foi entregue à investigação “Avaliação da resposta ventricular esquerda à estenose aórtica na população idosa antes e após tratamento cirúrgico: correlações clínicas, morfofuncionais e moleculares” , de Adelino Leite-Moreira, Cristina Gavina, Inês Falcão Pires, Roberto Roncon-Albuquerque Jr., André Lourenço, Antónia Teles, Marta Oliveira.

O investigador do Serviço de Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Adelino Leite Moreira, um dos vencedores da Bolsa Pfizer de investigação, considera que este prémio é "crucial num país que se esforça, mas que tem parcos recursos para a investigação".

Com um valor de 60 mil euros, esta bolsa de investigação vai permitir estudar as "repercussões cardíacas da estenose valvular aórtica", uma calcificação da válvula aórtica que leva a uma perda de maleabilidade e que dificulta o bombear do sangue para o organismo. O esforço que este mau funcionamento provoca no coração leva a uma hipertrofia, ou seja, a um aumento da massa muscular cardíaca, e a que o coração trabalhe no limite das suas capacidades.

O trabalho que os investigadores se propõem desenvolver pretende aliar a caracterização clínica dos doentes - em aspectos como idade, sexo, características bioquímicas - a testes laboratoriais para se perceber por que é que nos doentes com a válvula aórtica substituída, apenas em alguns se verifica a redução da hipertrofia.

Já a investigação clínica premiou um trabalho sobre regeneração óssea, fruto da colaboração do Instituto Gulbenkian da Ciência, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, da Universidade de Coimbra, da Universidade Técnica de Lisboa, da Universidade do Minho e do Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia.

“Avaliação dos marcadores bioquímicos de formação óssea e suas correlações com os minerais séricos durante o processo de cicatrização óssea em osteotomias e defeitos ósseos de dimensão crítica ao nível da tíbia na ovelha como modelo experimental de investigação em ortopedia” da autoria de Isabel Dias, Carlos Viegas, Jorge Azevedo, Paulo Lourenço, Emília Costa, Adriano Rodrigues, António Ferreira, Rui Reis e António Cabrita, foi o trabalho galardoado com um prémio de 20 mil euros.

Os Prémios Pfizer de Investigação existem desde 1957 e este ano receberam 53 candidaturas.

Inês de Matos

Fontes: Lusa, Ciência Hoje, Jasfarma

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