quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Exame colo-rectal: HUC utilizam pela primeira vez cápsula com câmaras integradas

Uma cápsula para examinar o cólon, de dimensões idênticas à de uma cápsula de vitaminas, munida com duas câmaras que filmam o interior do intestino, captando ao longo do percurso cerca de 150 mil imagens, vai ser pela primeira vez usada em Portugal, na próxima sexta-feira, pelos Hospitais da Universidade de Coimbra.

De acordo com o médico Hermano Gouveia, do Serviço de Gastrenterologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), que vai aplicar a técnica pioneira, a cápsula endoscópica é ingerida de manhã pelo doente e a partir daí, pode fazer a sua vida normal, pois o filme é registado, ao longo das oito ou nove horas seguintes, num aparelho do tamanho de um telemóvel, que o doente transporta e depois deixa no hospital para os resultados serem analisados pelos especialistas.

Esta técnica tem-se revelado uma mais valia face às restantes técnicas de análise dos intestinos e do cólon, pois evita o desconforto que a colonoscopia tradicional provoca e que muitas vezes afasta os pacientes da realização do exame.

"É uma arma importante no rastreio do cancro colo-rectal. A colonoscopia tradicional tem vantagens e continua a ser a pedra de toque na terapêutica, na biopsia e na ressecção de póliplos, mas a cápsula endoscópica, por não causar desconforto, tem a vantagem de trazer pessoas para o rastreio", sublinhou o médico.

"Até aqui, para vermos o cólon tínhamos de introduzir o colonoscópio [um tubo flexível com cerca de 1,30 metros], sendo por vezes necessária anestesia. Agora, sem nenhum desconforto, obtemos a visão do cólon através de uma técnica fiável e confortável", disse o também vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

Este novo método representa "uma mudança completa" no diagnóstico das patologias do cólon e encontra-se já a ser utilizado neste serviço dos Hospitais da Universidade de Coimbra para examinar o intestino delgado.

A cápsula é fabricada em Israel, com custos que rondam os 1.500 euros e deverá começar a ser comercializada até ao final do ano.

O cancro do cólon e do recto é já o tipo de cancro mais frequente nos homens, embora, neste mesmo grupo, seja a quarta causa de morte oncológica. Já nas mulheres é o segundo tipo de cancro bem como a segunda causa de morte oncológica. Todos os anos surgem em Portugal cerca de cinco mil novos casos de cancro colo-rectal.

Uma alimentação equilibrada, peso controlado e a prática regular de exercício físico são alguns dos cuidados que podem evitar o aparecimento da doença.

Inês de Matos

Fontes: Lusa, Portal da Saúde

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