quarta-feira, 10 de outubro de 2007

“Sistema imunitário virtual” pode ajudar no desenvolvimento de fármacos

Um grupo de cientistas, liderado por matemáticos, está a construir um modelo de respostas imunes, através da utilização de dados experimentais do mundo real, para gerar um modelo virtual do sistema imunitário humano, que poderá ser então usado para projectar fármacos. O modelo promete ajudar a comunidade científica multidisciplinar a trabalhar em conjunto para criar avanços médicos para os pacientes.

O grupo pertence à “Immunology Imaging and Modelling (I2M) Network”, fundada pelo “Biotechnology and Biological Sciences Research Council” do Reino Unido, que está sediada na Universidade de Leeds, mas que também envolve equipas multidisciplinares de investigadores de um número variado de locais, incluindo do “Cancer Research”, do Reino Unido, e do “National Institute for Medical Research”.

O sistema imunitário é um dos sistemas mais fascinantes e complexos do corpo humano e, apesar dos enormes avanços recentes na ciência médica, incluindo muitos fármacos que se direccionam para o sistema imunitário, os cientistas ainda não compreendem totalmente como funciona. Este não só orquestra os processos pelos quais o organismo combate as doenças, como também, no caso de situações como a diabetes e a artrite reumatóide, pode também causar a doença.

A coordenadora da network, a Dr Carmen Molína-Paris, afirmou que a capacidade de seguir o rasto de parasitas e células em tempo real, utilizando novas técnicas de imagética, está a permitir descobrir novos indícios, e irá ajudar os cientistas a analisar as interacções entre as diferentes partes do sistema imunitário. Isto irá fornecer um modelo teórico e computacional do sistema imunitário, proporcionando uma imagem completa a que os investigadores de todas as disciplinas se poderão referir, e na qual se poderão basear.

As companhias farmacêuticas estão cada vez mais a utilizar modelos matemáticos para prever até que ponto um fármaco é bom, ou mau. Estes modelos variam entre prognosticar efeitos atómicos (utilizando mecânica quântica), efeitos moleculares (que avaliam se o fármaco se liga bem ao alvo), até todos os órgãos ou organismos (predizendo os resultados de ensaios clínicos).

Estes avanços têm sido tornados possíveis por computadores mais potentes, que conseguem efectuar os cálculos necessários num espaço de tempo adequado. Além disso, as ferramentas estão a tornar-se cada vez mais amigas do utilizador, o que significa que já não só são utilizadas por especialistas. As técnicas têm um papel crucial a desempenhar na ajuda à indústria farmacêutica para evitar falhanços nas últimas etapas, e assim baixar o custo do desenvolvimento de fármacos.

A imunologia tem sido tradicionalmente uma ciência qualitativa, descrevendo os componentes celulares e moleculares do sistema imunitário e as suas funções. Contudo, existe uma necessidade iminente de perceber melhor como os componentes operam conjuntamente como um todo, e de fornecer esta informação num formato quantitativo que pode ser acedido por toda a comunidade científica.

Segundo a Dra. Molína-Paris, a imunologia matemática está a desenvolver-se para ser uma disciplina, onde a modelação ajuda todos os indivíduos a interpretar dados e a resolver controvérsias. Ainda mais importante, aponta novas experiências permitindo mais e melhores interpretações quantitativas.

Isabel Marques

Fontes:
www.in-pharmatechnologist.com, www.eurekalert.org

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