quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Merck quer expandir aplicação do Gardasil aos homens

EMEA está a analisar a inclusão de novas indicações para a vacina

A Merck tem planos para alargar a utilização do Gardasil. A hipótese já tinha sido colocada por alguns investigadores e vem agora a confirmar-se com a própria farmacêutica a divulgar as suas intenções de expandir a utilização do Gardasil aos homens. Por outro lado, a Sanofi Pasteur MSD, responsável pela comercialização da vacina na Europa, já submeteu um pedido à Agência Europeia do Medicamento (EMEA) para incluir nas indicações da vacina a prevenção contra o cancro vaginal e vulvar.

O Gardasil, vacina contra o papilomavírus humano (HPV), previne o cancro do colo do útero e outras doenças provocadas pelo HPV, nomeadamente os seus quatro tipos de vírus mais cancerígenos: 06, 11, 16 e 18, e foi pioneira no mercado durante largos meses. Os analistas acreditam, por isso, que o produto possa gerar mais de 990 milhões de euros durante o primeiro ano no mercado norte-americano. Porém, essas previsões podem vir a sofrer alterações, visto que a Merck veio a público afirmar que já deu inicio a estudos para provar que a vacina pode também prevenir infecções nos homens.

“Os homens são os principais transmissores do vírus do papiloma humano”, afirmou Elmar Joura, professor da Escola Médica da Universidade de Viena. “Existem evidências clínicas que justificam a administração do Gardasil em rapazes enquanto medida de saúde primária”, acrescentou.

Por sua vez, a Sanofi Pasteur MSD, que comercializa a vacina na Europa em conjunto com a Merck, submeteu um pedido de actualização da licença do Gardasil junto das autoridades europeias, para incluir a prevenção contra o cancro vaginal e vulvar, provocados pelas estirpes 16 e 18 do vírus do papiloma humano. “A Agência Europeia do Medicamento (EMEA) aceitou a candidatura e já começou a análise”, refere um comunicado emitido pela Sanofi Pasteur.

Este poderá ser mais um trunfo a favor do Gardasil que em Setembro viu chegar ao mercado europeu o seu primeiro rival. O Cervarix, cujos principais alvos são as estirpes 16 e 18 do HPV, responsáveis por cerca de 70 por cento dos casos de cancro do colo do útero, está disponível nalguns países europeus há cerca de uma semana. Porém, a vacina da GlaxoSmithKline não deverá entrar no mercado norte-americano antes de2008.

Benefícios para os rapazes

Um estudo divulgado em Agosto, elaborado por especialistas do Centro Médico Anderson da Universidade do Texas, sugeria que o Gardasil poderia também vir a ser administrado em rapazes adolescentes para ajudar a evitar os casos de cancro relacionados com o sexo oral.

O número crescente de casos em estudo demonstra que o vírus do papiloma humano, responsável pelo cancro do colo do útero, está também relacionado com cerca de metade dos casos de cancro da garganta ou orofaríngeos, referiam os investigadores.

A análise, publicada no jornal “Cancer”, aconselhava os cientistas a apressarem os estudos da vacina contra o HPV em adolescentes do sexo masculino, para que a utilização da vacina pudesse expandir-se.

“Encorajaríamos a industria e os cientistas a estudarem a eficácia em rapazes e homens para que o programa de vacinação possa ser alargado”, afirmou Erich Sturgis, professor de cirurgia de cabeça e pescoço no Centro Médico Anderson e o principal autor do artigo. “Sabemos que os homens estão a ficar expostos e que uma maior proporção de cancros orofaríngeos são causados pelo HPV”, acrescentou.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Bloomberg, Farmacia.com.pt.

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