quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Nigéria faz ultimato à Pfizer

Defensores dos direitos humanos ameaçam boicotar produtos da farmacêutica

Na Nigéria o panorama é cada vez mais hostil para a Pfizer. Vários grupos de defensores dos direitos humanos manifestaram-se esta quarta-feira junto aos escritórios da farmacêutica norte-americana na cidade de Kano e ameaçaram organizar uma campanha nacional e internacional de boicote aos produtos e serviços da farmacêutica em todo o mundo. O objectivo é garantir que a multinacional indemnize as famílias das vítimas que alegadamente foram prejudicadas ou faleceram devido à ingestão de Trovan Floxacin (trovafloxacina).

O antibiótico foi utilizado para combater uma epidemia de meningite bacteriana, sarampo e cólera que assolava a Nigéria em 1996, provocando a morte a 12 mil pessoas. No entanto, após a administração do fármaco 11 crianças morreram e 189 sofreram várias deformações, incluindo surdez, cegueira, paralisia e danos cerebrais.

O governo nigeriano alega que o laboratório terá camuflado as suas verdadeiras intenções quando se propôs a ajudar as vítimas de uma epidemia de meningite bacteriana, engendrando “um esquema” para “deformar e esconder as suas principais intenções” e testar os efeitos do medicamento.

A Pfizer rejeitou as acusações desde o início afirmando que o ensaio clínico com Trovan Floxacin levado a cabo no país teve “o aval do Governo nigeriano com todo o conhecimento de causa”. De acordo com a farmacêutica todos os requisitos éticos foram tidos em conta na aplicação do tratamento e “em conformidade com o compromisso da empresa para com a segurança dos doentes”.

Recentemente, o comissário de justiça de Kano ameaçou deter o ex-director executivo da Pfizer, Bill Steere, em conjunto com outros nove funcionários da empresa caso os mesmos não compareçam em tribunal no próximo mês para responder às acusações que lhes são imputadas.

“Acreditamos que só com as indemnizações às vítimas é que haverá paz e justiça…Estamos a fazer um ultimato à Pfizer que termina a 1 de Fevereiro de 2008; caso a Pfizer se recuse a pagar as indemnizações às vítimas do ensaio clínico com Trovan vamos desencadear uma campanha massiva a nível nacional e internacional para que haja um boicote aos produtos serviços da Pfizer”, cita o portal AllAfrica.com.

“Iremos de casa em casa, loja em loja, mercado em mercado. Iremos insistir e apelar ao nosso povo para que deixem de comprar os produtos da Pfizer. A Pfizer é um demónio e uma empresa que perpetrou o mal na Nigéria, e não acreditamos que o nosso povo no Norte da Nigéria, e mesmo o de outras partes de África deva ser usado como cobaia para ensaios clínicos de fármacos prejudiciais que não foram utilizadas em nenhum outro local do mundo”.

Marta Bilro

Fonte: AllAfrica.com, Pharmalot, Farmacia.com.pt.

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