sexta-feira, 29 de junho de 2007

Paxil desencadeia onda de suicídios no Japão

O número de pacientes que cometeram suicídio depois de ingerirem Paxil (paroxetina), comercializado em Portugal como Seroxat, está a aumentar no Japão. O anti-depressivo fez crescer as tentativas de atentado contra a própria vida em 39 por cento no ano passado, revelou o ministro nipónico da Saúde, Trabalho e Bem-Estar.

Ao longo de 2006, 15 pacientes aos quais foi administrado o fármaco da GlaxoSmithKline cometeram suicídio, comparativamente aos 11 registados no ano anterior, e a apenas um caso em 2004. Yuko Fuke, porta-voz da unidade japonesa da farmacêutica britânica, revelou que a GlaxoSmithKline tem recomendado precaução aos médicos relativamente às quantidades prescritas.

O medicamento é eficaz no tratamento da depressão e distúrbios de pânico mas tende a induzir algumas pessoas a cometerem suicídio, um efeito secundário que é mencionado pelo laboratório nas contra-indicações inerentes à utilização do produto. De acordo com o responsável pela pasta da saúde, em 2005, cerca de 920 mil pessoas sofriam de depressões no Japão.

Desde o ano 2000, altura em que o Paxil começou a ser comercializado no país, o medicamento rendeu aos cofres da unidade japonesa da Glaxo cerca de 337 milhões de euros (57 mil milhões de ienes). No ano passado, as vendas globais do Paxil ascenderam aos 917 milhões de euros (1,24 mil milhões de dólares norte-americanos).

De acordo com os especialistas, este aumento acentuado fica a dever-se ao facto dos médicos não fazerem um diagnóstico correcto das condições dos doentes depois de lhes prescreverem a substância, ao mesmo tempo que o número de pacientes que ingerem o medicamento tem aumentado vertiginosamente. O ministério já divulgou um alerta para que os profissionais examinem as alterações às condições dos pacientes aos quais foi administrado o medicamento.

“O Paxil é eficiente para o tratamento da depressão, e apenas um número limitado de pacientes é induzido a cometer suicídio. No entanto, é importante examinar as condições dos pacientes durante um período de nove dias a seguir à dosagem inicial”, salientou Osamu Tajima, professor da Universidade de Kyorin. Por sua vez, a GSK refere que o médico deve ser consultado para decidir se o paciente deverá ou não cessar o tratamento. “Se os pacientes pararem a toma de Paxil sem autorização médica, a sua condição pode piorar”, acrescentou um representante do laboratório.

Marta Bilro

Fonte: First World, Bloomberg, Mainichi Daily News.

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