quinta-feira, 12 de julho de 2007

Cancro da mama: Mutação nos genes BRCA não aumenta risco de mortalidade

A mutação dos genes BRCA1 e BRCA2 que, de acordo com o conhecimento generalizado dos cientistas, predispõe a mulher ao aparecimento de cancro da mama, diminuindo-lhe a oportunidade de vida, está a ser contestada por uma recente descoberta. Um novo estudo demonstrou que a taxa de mortalidade devido ao cancro da mama entre as mulheres israelitas Ashkenazi, que eram portadoras de uma variação nesses genes, não é diferente das que não possuem essa mutação.

A investigação, divulgada no “New England Journal of Medicine” vem desafiar o conhecimento geral ao afirmar que a presença ou de uma variação nos genes BRCA1 ou BRCA2 não influencia a taxa de sobrevivência 10 anos mais tarde. Todas as mulheres são portadoras destes genes à nascença, no entanto, uma alteração hereditária na sua composição é responsável por 5 a 10 por cento dos cancros da mama. Esta condição faz também com que o risco de desenvolver a doença durante a vida seja 3 a 7 vezes mais elevada nas mulheres portadoras de uma mutação nos genes BRCA1 e BRCA2. Por norma, isto verifica-se numa em cada 450 mulheres.

Porém, no caso das mulheres Ashkenazi, as estatísticas são mais elevadas, com cerca de uma em cada 40 mulheres a serem portadoras de uma mutação genética hereditária nesses genes e a desenvolverem cancro. Este facto faz com que a probabilidades de terem uma mutação esteja 10 vezes acima do normal. A elevada concentração de mulheres Ashkenazi em Israel levou Gad Rennert, do Centro Nacional de Controlo de Cancro, em Haifa, a realizar um estudo em 22 hospitais locais.

Depois de recolhido o ADN de 71 por cento do total de 2.514 mulheres envolvidas no estudo, e os registos médicos de 86 por cento das participantes, os investigadores observaram que 10 por cento das amostras eram portadoras de uma mutação no gene BRCA1 ou BRCA2. Ao analisarem a taxa de risco de mortalidade, os cientistas não detectaram uma diferença significativa entre as portadoras de variações genéticas naqueles genes e as não portadoras. “As taxas de morte especificamente relacionadas com o cancro da mama nas mulheres israelitas são semelhantes entre as portadoras de uma mutação nos genes BRCA e as não portadoras”, concluem os especialistas.

Segundo Rennert, “A maioria [das portadoras de BRCA] que desenvolvem cancro da mama vão sobreviver à doença. Essa é uma mensagem importante para as mulheres e para os médicos”. Actualmente, calcula-se que uma em cada 10 mulheres irá desenvolver cancro da mama ao longo da sua vida. Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, o cancro da mama continua a ser a primeira causa de morte das mulheres entre os 35 e os 55 anos e a segunda entre as mulheres de todas as idades. Na Europa, quase 20 por cento de todas as mortes por causa oncológica são devidas ao cancro da mama.

Marta Bilro

Fonte: The Earth Times, Medical News Today, Roche.

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