quinta-feira, 12 de julho de 2007

Termómetros e aparelhos de medição arterial com mercúrio

Proibição europeia não deve afectar Portugal

Portugal está preparado para acatar a proibição da utilização de mercúrio em aparelhos de medição arterial e termómetros, decretada terça-feira pelo Parlamento Europeu (ver artigo Parlamento Europeu proíbe uso de mercúrio em termómetros), pois há muito que os serviços do Estado deixaram de usar estes equipamentos, optando por substitutos sem mercúrio, bem como os estabelecimentos farmacêuticos, que deixaram de comercializar estes aparelhos desde o inicio de 2006.

A proibição europeia deve-se ao facto de o mercúrio ser um metal muito tóxico, que pode representar sérios riscos para a saúde pública e para o meio ambiente, e deverá representar uma diminuição anual de 33 toneladas nas emissões de mercúrio, de acordo com a estimativa da Comissão Europeia.

O Estado português começou a substituir, de forma gradual, os aparelhos de medição arterial e termómetros, seguindo uma "orientação nacional de há muitos anos", motivada por uma directiva comunitária, em vigor no direito interno português desde 1999, disse à Lusa o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Mário Durval, pelo que a proibição agora decretada não deverá afectar significativamente o país.

No entanto, os novos aparelhos sem mercúrio têm sido alvo de criticas e desconfiança, sendo frequentemente posta em causa a sua fiabilidade e rigor, já que grande parte dos aparelhos à venda no mercado nacional não possui qualquer certificação, o que dificulta a sua calibração.

Se para Mário Durval, os aparelhos que surgiram para substituir o mercúrio são "fidedignos", para o presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), Luís Martins, são duvidosos, nomeadamente os digitais, que apresentam falhas ao nível da calibração.

Para este especialista, "os aparelhos de pulso não prestam para nada" porque "não têm nenhuma fiabilidade". Os aparelhos de melhor qualidade são os de medição da pressão arterial no braço, porque medem a pressão na artéria branquial, sobre a qual recai a ciência em torno destas medições, explicou. Apesar da desconfiança, o presidente da SPH acredita que no futuro a tecnologia vai resolver a falta de rigor dos novos aparelhos.

Para além da classe médica, as criticas têm surgido também por parte da população mais idosa, que receia os novos termómetros e aparelhos de medição da pressão arterial, de acordo com uma ronda feita por farmácias fora do distrito de Lisboa.

"É muito difícil que os idosos aceitem os novos termómetros digitais", contou à Lusa a farmacêutica Ana Maria Rico da Farmácia Central, em Coimbra, contrariamente às gerações mais novas, que preferem os termómetros e aparelhos de medição digitais, por permitirem uma medição mais rápida.

Também a farmacêutica Mariana Paisana da Farmácia Silveira, em Beja, confirma que "há muita resistência nas pessoas mais idosas", no entanto há cerca de dois anos que esta farmácia não tem à venda aparelhos com mercúrio.

As farmácias começaram a evitar a comercialização de aparelhos com mercúrio na sequência do pedido do Infarmed - Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento - emitido em Maio de 2002, que pedia para que fosse evitado o uso e aquisição de termómetros de mercúrio. De acordo com o porta-voz deste organismo, actualmente já não há farmácias que tenham para venda aparelhos com mercúrio.~

Inês de Matos

Fonte: Lusa, RTP

1 comentário:

Rui Borges disse...

Bom artigo.

Correcção: crítica leva acento.