sábado, 14 de julho de 2007

Estudo de enzima pode aclarar origem de várias doenças
Brasil vai exportar anticorpos para os Estados Unidos


O estudo da enzima Eopa – descoberta há mais de quatro décadas no Brasil e que tem papel fundamental na formação do cérebro e de todo o sistema nervoso central – permitirá aferir da sua eventual ligação a uma série de disturbios neurológicos, de entre os quais se destacam a esquizofrenia ou a menos conhecida lissencefalia, a “doença do cérebro liso”.

Dois pequenos frascos contendo 10ml de anticorpos vão nos próximos dias deixar os laboratórios do Instituto Butantã, no Brasil, em direcção à empresa Millipore, nos Estados Unidos, titular dos direitos de comercialização do produto naquele país. O acordo foi firmado entre aquela companhia e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que financiou os estudos no Centro de Toxinologia Aplicada do Butantã. Os anticorpos foram desenvolvidos laboratorialmente para se ligarem à Eopa, com vista a aferir da implicação da enzima no desenvolvimento de algumas doenças do cérebro. A Eopa foi descoberta acidentalmente no âmbito de pesquisas relacionadas com veneno de cobra que levariam ao desenvolvimento do captoril, um dos medicamentos de maior sucesso a nível mundial no tratamento da hipertensão. O cientista António Carlos Martins de Camargo, autor da descoberta, investigava enzimas capazes de degradar a bradicina, um neurotransmissor com efeito anti-hipertensivo accionado por veneno de cobra.

Carla Teixeira
Fonte: «O Estado de São Paulo»

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