terça-feira, 21 de agosto de 2007

Bactéria na flora intestinal da grávida pode infectar bebé

Pediatra alerta para risco de transmissão durante o parto e defende inclusão de mais um exame na rotina pré-natal

Na rotina pré-natal das grávidas deveria ser incluído mais um exame - um teste que serve para detectar a presença de uma bactéria (streptococcus) que pode ser transmitida para o bebé durante o parto. A mãe pode estar isenta de sintomas mas, no bebé, a contaminação acarreta risco de infecção grave e até morte.

Detectar a presença da bactéria chamada Streptococcus agalactea (beta-hemolítico do grupo B) na mulher grávida pode ser vital para o recém-nascido. O alerta é de Jaqueline Dário Capobiango, pediatra e infectologista brasileira, sublinhando que a taxa de transmissão da mãe para o bebé “ronda os 50 por cento.”

Ao «Folha Londrina», a médica explicou que o tipo de bactéria em causa costuma colonizar o trato gastrointestinal. “Umas pessoas têm, outras não, mas trata-se de uma bactéria que faz parte da flora intestinal”, ressalvando que, “na mulher, pela proximidade com a vagina, a bactéria também pode estar presente no trato genito-urinário, e causar ou não infecção urinária.”

De acordo com a pediatra, dos 50 por cento de casos possíveis de transmissão, entre 1 a 3 por cento, vão desenvolver infecção: “Parece pouco, mas o risco de uma sepse precoce (infecção bacteriana grave) é 30 vezes maior no bebé cuja mãe tem a bactéria, do que naquele cuja mãe não está colonizada”, referiu, realçando que “a mortalidade das infecções precoces (em bebés com até sete dias de vida) é de até 50%.”

Segundo informa a ginecologista e obstetra, Viviane Magalhães, “o exame da secreção vaginal e anal é feito entre a 35 e a 37 semana de gestação”, esclarecendo ao «Folha Londrina» que “se é detectada a cultura de bactéria é preciso administrar um antibiótico específico para esse tipo de bactéria, antes do nascimento do bebé, cuja eficácia ultrapassa os 80 por cento.”

Ao que o farmacia.com.pt conseguiu apurar o exame pré-natal para detecção desta bactéria é feito nos Estados Unidos, rotineiramente, desde 2002. Na Argentina, o exame também é obrigatório por lei em vários Estados. No Brasil, - e segundo avançou há instantes a Agência Estado - o Hospital e Maternidade Estadual Interlagos será a primeira maternidade pública a realizar o exame de diagnóstico em todas as utentes que fizerem o pré-natal naquela unidade. Em Portugal, este exame pré-natal continua sem ser obrigatório.

Raquel Pacheco
Fontes: Bondenews/«Folha Londrina»/Agência Estado

2 comentários:

ptcp disse...

Bom artigo Raquel.
Apenas algumas correcções: "infectologista" por "infecciologista" e "sepse" por "sepsis".
Bom trabalho.

RP disse...

Obrigada!!