terça-feira, 21 de agosto de 2007

Preço de medicamento priva milhares de tratamento

Reino Unido recusa inclusão de fármaco contra artrite reumatóide no serviço nacional de saúde

O elevado preço do medicamento Orencia (indicado para a artrite reumatóide) está a privar milhares de doentes do tratamento no Reino Unido. O Instituto Nacional de saúde e Excelência Clínica (Nice, em inglês) concluiu que o fármaco “não seria considerado um bom custo-benefício para serviço nacional de saúde”, avançou a imprensa britânica.

De acordo com o jornal «Telegraph», esta recusa não é um caso isolado, denunciando que, para além do medicamento contra artrite reumatóide (Orencia), o Nice já negou também a autorização de novos fármacos contra outras doenças, nomeadamente, cancro do intestino e do pulmão.

O Orencia (abatacept) – medicamento da farmacêutica Bristol-Myers – “não será disponibilizado nos serviços nacionais de saúde britânicos (NHS) por ser muito caro para os recursos dos Serviços Nacionais de Saúde”, declarou ao jornal britânico um porta-voz do instituto.

Tal como noticiou oportunamente o farmacia.com.pt - o fármaco em causa é o primeiro de uma geração de medicamentos biológicos para doenças auto-imunes - e foi licenciado, também, nos Estados Unidos e, em breve, será no Brasil, tendo como alvo doentes que falham em responder a outras terapias.

No entanto, apesar da comprovada eficiência, o preço terá ditado um travão na inclusão do NHS e, por conseguinte, na melhoria dos sintomas de milhares de doentes com artrite reumatóide severa, doença inflamatória crónica que acomete as articulações.

Para evidenciar a evolução terapêutica que o Orencia trouxe à medicina, o «Telegraph» divulgou um estudo cujos testes demonstraram que “os doentes que não responderam à terapia anti-factor de necrose tumoral tiveram redução no dano das articulações e menos dor com a utilização do abatacept.”

Neste sentido, os doentes lançaram um apelo à revisão da decisão do Nice (antes do fim do ano), altura em que a decisão será formalizada. “A decisão é um passo atrás no controle da doença”, considerou também a Associação de Artrite Reumatóide, no Reino Unido.
Segundo informou uma fonte dos laboratórios da Bristol, o medicamento custa, em média, 10 mil libras por ano, ou seja, cerca de 15 mil euros.

Raquel Pacheco
Fonte: «Telegraph»

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