terça-feira, 21 de agosto de 2007

Novo tratamento para o acne em desenvolvimento

Investigadores revelaram que um efeito secundário anteriormente desconhecido de um fármaco actualmente no mercado poderá ajudar no tratamento do acne, segundo divulgou a revista “Chemistry & Industry”, da Sociedade da Indústria Química (SCI, sigla em inglês). Uma companhia do Reino Unido, a Summit, está prestes a iniciar a Fase 1 do ensaio clínico com o fármaco em 18 voluntários saudáveis. Prevê-se que os resultados sejam anunciados no final de 2007.

Numa etapa inicial da Fase 1 do estudo em nove voluntários saudáveis, o tratamento demonstrou reduzir até 70 por cento a secreção de sebo pela pele, o que está associado ao desenvolvimento do acne. Os resultados da Fase 1 são surpreendentemente bons, segundo afirmou o director de desenvolvimento clínico da Summit, Nigel Blackburn. A redução da produção de sebo tem sido o alicerce da busca do tratamento para o acne durante 30 anos, mas tem havido pouco sucesso, à parte do Roaccutane, que apesar disso apresenta efeitos secundários significativos, acrescentou ainda Blackburn.

O tratamento privilegiado actualmente para o acne, o Roaccutane, pode provocar um amplo leque de efeitos adversos, incluindo a teratogenicidade, que leva a deficiências no feto em mulheres grávidas, e também tem sido recentemente ligado à depressão e (inconclusivamente) a suicídio nos adolescentes. O mercado para o tratamento do acne está avaliado em muitos milhões de dólares, e qualquer novo tratamento que seja desenvolvido sem efeitos secundários poderá potencialmente atingir vendas muito elevadas.

Apesar da Summit não ter revelado o nome do fármaco que está agora a ser avaliado, a companhia afirma que este representa uma classe de compostos completamente nova para o tratamento do acne. Nigel Blackburn afirmou que com as doses que estão a ser estudadas qualquer tipo de efeito adverso deverá ser ligeiro, em comparação com os que resultam da utilização do tratamento com Roaccutane.

A companhia espera começar os ensaios de Fase 2 no próximo ano, para avaliar a eficácia do fármaco em pessoas que têm acne. Dependendo dos resultados, o fármaco poderá ser formulado como um tratamento tópico individual ou, mais provavelmente, em combinação com outros tratamentos existentes. A Summit já iniciou conversações com diversas companhias que se mostraram interessadas, e que estão à espera de ver se os resultados iniciais podem ser repetidos num grupo de estudo mais alargado.

O acne

O acne é uma doença cutânea frequente, causada pela obstrução dos poros da pele, com a consequente formação de espinhas e abcessos inflamados e infectados (acumulação de pus) na face, pescoço e região anterior e posterior do toráx.

O acne surge geralmente na adolescência, afecta ambos os sexos, tendo uma maior prevalência dos 14 aos 17 anos no sexo feminino, e dos 17 aos 19 no sexo masculino, e atinge cerca de 80 por cento dos jovens e aproximadamente 30 por cento das pessoas continua a ter acne na vida adulta.

O acne afecta os adolescentes devido a uma interacção entre hormonas, sebo e bactérias que vivem na pele. Durante a puberdade aumenta a actividade das glândulas sebáceas da pele, com produção excessiva de sebo.

Isabel Marques

Fontes: www.firstscience.com, www.medicosdeportugal.iol.pt, www.manualmerck.net

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