terça-feira, 26 de junho de 2007

Campanha de vacinação contra a pólio abrange crianças de três países africanos

Foi lançada hoje na Namíbia uma campanha de vacinação contra o vírus da poliomielite, destinada à imunização das crianças entre os zero e os cinco anos, de três países africanos, Angola, República Democrática do Congo e Namíbia.

A sincronização da campanha de vacinação, deve-se ao facto de estes três países africanos registarem elevadas taxas de infecção com o vírus da poliomielite, frequente na região, devendo as crianças ser vacinadas em simultâneo.

Entre quarta e sexta-feira, irá decorrer a primeira das duas fases que compõe a campanha, estando prevista a vacinação de 5,7 milhões de crianças de Angola e 300.000 da Namíbia.

No Congo deverão ser vacinadas apenas as crianças das regiões fronteiriças com Angola, nomeadamente Baixo Congo, Cassai Ocidental e Catanga, não sendo portanto adiantado o número de crianças a vacinar.

No caso de Angola, depois de três anos consecutivos em que não foram registados casos de infecção com poliomielite, foram este ano identificadas duas crianças com a doença, enquanto que a Namíbia registou em Maio do ano passado 19 casos, essencialmente adultos, depois de dez anos sem quaisquer registos.

O vice-ministro da Saúde angolano, José Van-Dúnen, mostrou-se satisfeito com o bom funcionamento do sistema de vigilância epidemiológico do pais, uma vez que permitiu “detectar a existência destes casos".

"É impossível interromper a circulação do vírus da pólio, devido ao grande movimento das populações entre as várias províncias e para os países vizinhos, onde o vírus continua a circular", lamenta o dirigente angolano.

A circulação do vírus continua a ser permitida devido às deficientes condições de saneamento básico, ao qual grande parte da população angolana não tem acesso, o que aliado ao debilitado estado nutricional das crianças, impede a eficiência da vacina.

José Van-Dúnen, admite que “a nossa vacinação de rotina tem níveis que não nos permite proteger as nossas crianças como desejaríamos, por isso estamos primeiro a aumentar o acesso à água potável e a melhorar o saneamento, e a fazer esforços para aumentar significativamente as coberturas de vacinação de rotina”.

Na Namíbia, tal como em Angola, os casos registados encontram-se em bairros suburbanos, derivados de condições deficitárias de higiene e alimentação.

Para o ministro da Saúde e Serviços Sociais da Namíbia, Richard Nchabi Kamwi, a tarefa de eliminar o vírus da poliomielite do continente africano será árdua, devendo passar não só pela vacinação das crianças de áreas afectadas, mas também pela imunização de todas as crianças dos países que nunca conseguiram interromper a transmissão do vírus.

"Estou convencido que nós podemos fazer com que a região da África Austral fique livre do vírus da pólio brevemente, o que deveria acontecer em todo o continente e no mundo", disse o governante.

O vírus da poliomielite é altamente contagioso e tem maior incidências nas crianças menores de cinco anos, causando paralisia permanente numa em cada 200 infecções, das quais entre cinco a dez por cento morrem.

A Nigéria poderá vir a ser o principal responsável pela expansão do vírus selvagem da poliomielite, uma vez que este ainda é um país endémico.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

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