quinta-feira, 9 de agosto de 2007

APFADA, Pfizer e ANF apoiam doentes de Alzheimer
Governo limita prescrição de medicamentos


O despacho 4250/2007 do Ministério da Saúde, publicado em «Diário da República» no passado dia 7 de Março, pretende limitar o acto de prescrição dos fármacos abrangidos pelo escalão C do regime especial de comparticipação aos psiquiatras e neurologistas, deixando de fora os médicos de clínica geral. A medida, que deverá afectar cerca de 70 mil doentes em Portugal, já está a gerar polémica. É que o tratamento de um doente de Alzheimer tem um custo médio de 100 euros por embalagem de medicamentos, que não são suficientes para um mês...

Os doentes de Alzheimer queixam-se da atitude do Ministério da Saúde, e garantem que estão a ser esquecidos e maltratados pela tutela. Salientam que uma visita a um médico especialista é difícil e onerosa, traduzindo-se numa nova despesa, para muitos doentes insuportável. Rosário Zincke, presidente da Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer (APFADA), disse, em declarações ao jornal «Correio da Manhã», que várias vezes aquela entidade se reuniu com responsáveis do Infarmed, a fim de sensibilizar a tutela para o problema dos doentes, mas até agora sem qualquer sucesso, acrescentando que é muito difícil, nomeadamente nas regiões do Interior, mas também nas grandes cidades, que os doentes tenham acesso a médicos especialistas em neurologia ou psiquiatria.
Difícil também, de acordo com a responsável, é a compra de fraldas, de que muitos dos doentes de Alzheimer precisam. Dadas as dificuldades com que se debatem diariamente aquelas pessoas, Rosário Zincke diz não compreender por que razão o ministério não inclui a doença na lista de patologias crónicas, medida que traria enormes benefícios para milhares de pessoas no que diz respeito ao acesso à terapia. Para tentar minorar os problemas, a APFADA, em parceria com a Associação Nacional de Farmácias e os Laboratórios Pfizer, desenvolveu o programa «Ajudar é cuidar», que apoia os doentes na compra do Aricept (donepezilo), cujo preço de venda ao público é de 87,72 euros. Trata-se de um projecto integrado no plano de ajuda desenvolvido pela associação, que suporta mais de 90 por cento do custo do fármaco quando o doente tem um rendimento inferior ao salário mínimo.
A iniciativa «Ajudar é cuidar» apoia actualmente cerca de 900 doentes, estimando-se que o custo mensal do projecto ascenda aos 26 mil euros. O medicamento é dispensado a doentes de Alzheimer em fase ligeira a moderadamente grave com indicação médica para a sua utilização, desde que façam prova da situação clínica e da condição económica desfavorecida.

Carla Teixeira
Fonte: «Correio da Manhã», APFADA

1 comentário:

Rui Borges disse...

Excelente notícia Carla.