quinta-feira, 9 de agosto de 2007

EMBARGO até às 20h de hoje

Estudo de quatro investigadoras portuguesas na «Science»
Medir a resistência a tratamentos e antibióticos


Isabel Gordo, Lília Perfeito, Lisete Fernandes e Catarina Mota, investigadoras do Instituto Gulbenkian de Ciência, com sede em Oeiras, são autoras de um estudo que poderá ter grande impacto na saúde pública. Em causa está a descoberta de que as bactérias se adaptam a uma velocidade mil vezes superior à estimada até aqui, que poderá ajudar a medir a capacidade de resistência dos microrganismos a tratamentos e antibióticos. O estudo «Adaptive mutations in bacteria: high rate and small effects» é publicado na edição desta sexta-feira da revista «Science».

Isabel Gordo, investigadora que conduziu o estudo, totalmente financiado e feito em Portugal, explicou à Agência Lusa que “as bactérias adaptam-se muito mais rapidamente do que até agora se admitia”, concretizando que a velocidade a que essa adaptação ocorre é superior em cerca de mil vezes à estimada. A equipa do Instituto Gulbenkian de Ciência utilizou uma técnica para identificar as mutações das bactérias que lhes conferem vantagens na capacidade de resistência, o que demonstra que aqueles organismos têm potencial adaptativo extraordinariamente elevado. A cientista considerou que este estudo é “um contributo substancial para a compreensão de um problema central na teoria da evolução”.
A mesma responsável assegura que as implicações práticas desta descoberta ao nível da saúde pública têm a ver essencialmente com a resistência das bactérias aos tratamentos e antibióticos prescritos para fazer face a determinadas doenças, asseverando que “seriam precisos cerca de 20 mil anos para tirar conclusões de um processo semelhante na espécie humana, uma vez que o estudo analisou mil gerações de bactérias” (nos humanos a separação entre gerações é de cerca de duas décadas). Esta é a quinta publicação do Instituto Gulbenkian de Ciência na revista «Science» e em títulos do grupo «Nature» só no decurso deste ano.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa, Instituto Gulbenkian de Ciência, página pessoal de Isabel Gordo (http://eao.igc.gulbenkian.pt/EB/EB_Isabel.html) e site de investigação do Instituto Gulbenkian de Ciência (http://www.igc.gulbenkian.pt/research/unit/61).

4 comentários:

ptcp disse...

Excelente mais uma vez. Mas penso que o título "EMBARGO até às 20h de hoje" não sería para este artigo.

Carla Teixeira disse...

Embargo até às 20h porque a notícia estava embargada na fonte. A Agência Lusa tem por vezes acesso a notícias que não podem ser publicadas de imediato, mas coloca-as em linha para que os jornalistas de outros meios de informação possam ir preparando esse material. Foi o que fiz. A notícia não poderia ser publicada antes das 20h de ontem. Depois disso já não tem qualquer impedimento à publicação.

ptcp disse...

Obrigado pelo esclarecimento Carla. Desconheciamos a práctica e o termo.

Carla Teixeira disse...

Foi um prazer ajudar a esclarecer este assunto. A prática é muito comum, quando por algum motivo (às vezes apenas porque se combinou dar o assunto em primeira mão a um determinado órgão de informação), o emissor da notícia divulga os dados aos media (e em particular à Agência Lusa, que depois serve todos os outros meios) só autoriza a sua divulgação a partir de determinado momento. E dá multa para quem ousar dar a notícia antes da hora convencionada. Um pouco ao jeito do que acontece nas noites eleitorais, em que só a partir da hora do fecho das urnas se pode começar a dar conta dos resultados que forem sendo apurados. O meu aviso pretendeu só alertar para a necessidade de respeitar aquele timming na publicação. Bom restinho de fim-de-semana para todos.