quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Conjuntivite viral: Crianças mais vulneráveis durante o inverno

Especialista alerta para a importância de distinguir os sintomas

Propícias a ambientes populosos e às temperaturas invernais, a gripe e as conjuntivite encontram nas crianças um alvo fácil para a sua disseminação. Face a um sistema imunológico ainda em desenvolvimento, as formas virais de conjuntivite tornam-se comuns na infância e caracterizam-se frequentemente pelos olhos lacrimejantes, olhos colados ao acordar, pálpebras inchadas ou aversão à luz. Para não pôr a visão em risco é preciso estar atento aos sintomas e evitar a colocação de um mero colírio adquirido na farmácia.

De acordo com Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier, é necessário analisar a situação e avaliar que se trata realmente de uma conjuntivite viral. Até porque, segundo afirma, esta inflamação é fácil de distinguir por produzir uma secreção transparente. No caso da conjuntivite bacteriana, mais comum no verão, a secreção torna-se amarelada. Utilizar colírio antibiótico para tratar a conjuntivite viral é um erro frequente cometido por 3 em cada 10 pacientes, refere o especialista. Uma falha de diagnóstico que pode sair cara, já que, para além do antibiótico não surtir efeito, o paciente torna-se resistente ao fármaco e pode desenvolver ceratite tóxica.

O tratamento ideal para a conjuntivite viral, defende Queiroz Neto, é aplicar compressas nos olhos feitas com gaze e água filtrada quente, já que os vírus se tornam mais resistentes em ambientes frios. Em casos mais graves é utilizada uma terapia com lágrimas artificiais, colírios anti-inflamatórios hormonais ou não hormonais.

No que diz respeito à conjuntivite alérgica, as compressas colocadas sobre o olho devem estar frias, porém, qualquer desconforto deve ser comunicado ao médico numa consulta oftalmológica. O tempo seco e a poluição fazem com que a mucosa ocular fique ressequida, contribuindo para o aparecimento da conjuntivite alérgica e do olho seco. É por isso que Queiroz Neto sugere a colocação de recipientes com água nas diversas divisões da habitação e junto da cama durante o sono, como forma de aliviar a baixa humidade do ar. O aumento do consumo de líquidos também ajuda a evitar esta situação, bem como evitar as plantas, os animais com pelo e as almofadas de penas, mantendo o ambiente arejado e limpo.

A conjuntivite viral surge geralmente num contexto epidémico (um aperto de mão a pessoa atingida, a limpeza das mãos a uma toalha contaminada), mas também por auto-contaminação (quando estamos com gripe, o vírus pode infectar os olhos). Evitar a partilha de toalhas e maquilhagem, assim como trocar diariamente as fronhas das almofadas e usar lenços descartáveis são dicas importantes que devem ser consideradas. Para além disso, os utilizadores de lentes de contacto devem redobrar os cuidados durante o inverno, uma vez que a diminuição do filme lacrimal os torna mais vulneráveis à conjuntivite papilar gigante que provoca ardor, comichão, aversão à luz e redução da acuidade visual. O tratamento implica a não utilização das lentes, a aplicação de compressas geladas e de um colírio corticóide.

Marta Bilro

Fonte: E-mail do farmácia-press, ABC da Saúde, Manual Merck.

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