Açores: cientistas procuram descobrir propriedades anti-cancerígenas nos organismos férteis e em espécies únicas de profundidade
As fontes hidrotermais no Atlântico estão a merecer a atenção da indústria farmacêutica. A garantia é dada pelo cientista Ricardo Serrão Santos afirmando que, hoje, Portugal “dá cartas no Mundo” na investigação científica destes campos a grande profundidade.
Em todo o mundo, cada vez mais, os laboratórios farmacêuticos estão associados às grandes missões científicas. A indústria financia parte dos trabalhos e, mais tarde, procura tirar o lucro das descobertas.
Em declarações à agência Lusa, o director do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores, considerou que um dos objectivos da investigação científica “é encontrar respostas para sectores como a medicina e a indústria farmacêutica, que continuam a financiar as grandes missões aos campos hidrotermais dos oceanos.”
Asseverando que Portugal “dá cartas no mundo em termos de investigação científica nas fontes hidrotermais”, Ricardo Serrão Santos sustentou com o facto de o País ser “o nono em termos de produtividade de artigos científicos.”
Estudo genético de mexilhões
O investigador frisou que a prestação portuguesa deve-se ao papel da Universidade dos Açores, reforçando a existência de domínios específicos em que a UA é mesmo a primeira a nível mundial, nomeadamente, “no estudo dos mexilhões das hidrotermais, porque instalou na Horta um laboratório único que lhe permite fazer estudos sobre fisiologia e genética.”Ricardo Serrão Santos destacou a recente aprovação pela Convenção OSPAR (entidade encarregue da protecção marinha no Atlântico) das fontes hidrotermais de profundidade existentes ao largo das ilhas açorianas. Para o director do DOP, o campo «Rainbow» (situado a 2.300 metros de profundidade) “trata-se de uma área muito importante”, salientando “trazer uma mais valia” para a investigação científica.
De acordo com a explicação do cientista, trata-se de uma fonte “fértil em espécies únicas, que suscitam o interesse dos investigadores, que procuram descobrir propriedades anti-cancerígenas nos organismos de profundidade.”
Recordando que Portugal poderá vir a ter jurisdição sobre uma área do fundo do mar até 350 milhas náuticas (mais 150 milhas do que a actual Zona Económica Exclusiva) o investigador defendeu o investimento de Portugal na construção de um submersível “para que possa ter alguma autonomia na investigação que faz”, concluiu.
Raquel Pacheco
Fonte: Agência Lusa/DOP-UA
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