terça-feira, 2 de outubro de 2007

Elefantíase: descodificação de código genético aproxima cura

Descoberta abre caminho ao desenvolvimento de novos medicamentos

Foi descodificado o código genético de um dos parasitas que provoca a elefantíase, doença que, segundo a Organização Mundial de Saúde, já incapacitou e desfigurou mais de 40 milhões de pessoas no mundo. A descoberta foi feita por cientistas norte-americanos e poderá abrir caminho ao desenvolvimento de novos medicamentos.

Segundo o artigo publicado na revista «Science», a equipa de biólogos liderada por Elodie Ghedin do National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID), nos Estados Unidos, conseguiu sequenciar a maioria do genoma do «Malayi Brugia», (verme em forma de fio) que infecta milhões de pessoas, principalmente, nos países tropicais e em vias de desenvolvimento, com a elefantíase ou filária, mas também a oncocerose, que pode levar à cegueira.

“Ter uma completa impressão digital genética dá-nos uma melhor compreensão de que genes são importantes para os diferentes processos da doença, de forma que possamos atingi-los mais especificamente”, sublinhou Elodie Ghedin.

Anthony S. Fauci, director da NIAID, esclareceu que “as doenças causadas pelos vermes filários são tratáveis, mas os tratamentos correntes foram descobertos há décadas", reforçando a “necessidade urgente de novas descobertas devido às limitações dos actuais fármacos, que incluem toxicidade elevada, além de desenvolvimento de resistência.”

O «Malayi Brugia» tem um ciclo de vida complexo que envolve outros dois anfitriões cujos genomas são já conhecidos - que podem viver dentro do corpo humano durante anos. A longevidade do alojamento do parasita e uma enorme capacidade de reprodução (estima-se que cada fêmea tenha capacidade para gerar mil larvas por dia), tem inquietado e intrigado os investigadores.

A elefantíase (ou filária) é causada pelos parasitas nematóides Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori (que são propagados por mosquitos). Trata-se de uma infecção na qual os parasitas bloqueiam o sistema linfáctico, provocando inchaço dos tecidos, deformação dos membros e espessamento da pele. As doenças provocadas por este género de parasitas foram das primeiras reconhecidas pela Ciência como sendo provocadas por picadas de mosquito. Descoberta que remonta a 1866.

Raquel Pacheco
Fontes: Lusa/«Science»

1 comentário:

Rui Borges disse...

Já publicada a 22 de Set de 2007.