terça-feira, 2 de outubro de 2007

Espanha testa novo tratamento para a fibrose cística

Encontra-se a decorrer em Espanha, desde a semana passada, o ensaio clínico de um tratamento para a doença genética conhecida por fibrose cística (mucoviscidose). Os investigadores pretendem melhorar a resposta médica a esta doença que causa um anormal funcionamento das glândulas produtoras do muco, suor, saliva, lágrima e suco digestivo.

O medicamento que está a ser testado utiliza a molécula miglustat para reabilitar a proteína CFTR, que é atingida pela doença e que não cumprindo com as suas funções, leva a uma maior acumulação de muco nas vias.

De acordo com o investigador Fédéric Becq, na maioria dos casos, cerca de 80 por cento, o problema tem origem na mutação genética delta F508.

O medicamento em teste pretende, sobretudo, tratar os problemas respiratórios ligados à doença, provocados pela obstrução das vias e da acumulação de bactérias. Como tal, a observação acompanhou 25 doentes e assume-se, cada vez mais, como “uma esperança real e uma etapa muito importante”, disse Becq.

Esta doença provoca lesões crónicas nos pulmões, dai que a dificuldade respiratória seja comum, bem como as infecções no aparelho respiratório, pois estes doentes não conseguem limpar as vias respiratórias, uma vez que a secreção dos brônquios (canais que se ramificam nos pulmões) possui pouca água, o que a torna espessa e, portanto, mais aderente às paredes brônquicas.

O tratamento é geralmente longo e dispendioso, conduzindo tanto o doente como a sua família a um processo delicado do ponto de vista afectivo. Contudo, nos últimos tempos diversos estudos têm apontado novos tratamentos que podem representar uma nova esperança para estes doentes.

Em Janeiro de 2006, duas equipas de cientistas apontavam uma solução altamente salina como o tratamento mais simples, eficaz e barato para combater os efeitos da doença. Já este ano, foi a vez de uma equipa de cientistas ingleses afirmarem que através da manipulação do vírus da sida, é possível transportar cópias do gene que, quando falha, causa a fibrose cística, uma experiência já comprovada em ratos de laboratório, que permite uma correcção da doença ainda antes do nascimento.

A fibrose cística é uma doença genética, geralmente diagnosticada na infância, que afecta 1 em cada 2.000 recém-nascidos europeus e entre 30 a 40 bebés nascidos em Portugal. A esperança média de vida destes doentes ronda os 35 anos e na Europa é já a doença genética grave mais frequente, atingindo entre oito a dez mil pessoas.

A nível mundial, estima-se que existam sete milhões de pessoas portadoras desta anomalia genética e cerca de 60 mil doentes com fibrose cística.

Inês de Matos

Fontes: Público, Hospital do Futuro, Farmácia.com.pt, ANFQ, Diário Digital

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