quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Investigadora portuguesa descobre método para criar novos medicamentos

Uma investigadora do Departamento de Química, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) descobriu um novo método de preparação de compostos orgânicos, que vai permitir o desenvolvimento de novos tipos de medicamentos a longo prazo.

A descoberta consiste num método selectivo de preparação de beta-aminoácidos quirais (uma classe com propriedades únicas), que é fundamental para o desenvolvimento de novos medicamentos e foi já publicada em revistas internacionais de referência, no domínio da química orgânica.

“É um contributo interessante para alargar a variedade de métodos existentes para o desenvolvimento de novos fármacos”, explicou a autora do estudo, Teresa Pinho e Melo.

A cientista da FCTUC desenvolveu uma investigação que permitiu a descoberta de um novo “método de síntese de preparação de compostos orgânicos que faculta o aparecimento de novos compostos de referência para a indústria farmacêutica ou para outras aplicações industriais”.

A importância da investigação é tanto maior se for tido em conta que a maioria dos fármacos comercializados actualmente, são compostos por heterocíclicos e que é grande a resistência de muitos seres humanos aos mesmos. “Com a crescente necessidade de encontrar novos tratamentos e os muitos problemas associados com a resistência aos fármacos existentes, a procura de novos compostos de referência é um tópico de extrema relevância”, admite a investigadora

Para desenvolver o novo método de preparação dos beta-aminoácidos, a investigadora partiu da síntese de allenes quirais, utilizando-os como blocos de construção em síntese orgânica. Os beta-aminoácidos quirais estão presentes em inúmeras moléculas bioactivas, nomeadamente nos antibióticos penicilinas e cefalosporinas e no taxol, um dos agentes anti-tumorais mais activos.

«A capacidade de produzir e manipular é extremamente importante para a produção de novos fármacos, porque ao estudar uma nova reacção há maior probabilidade de introduzir inovação», adianta a FCTUC, em comunicado.


Iniciada em 1995, esta investigação contou também com a colaboração de técnicos da Universidade do país Basco e está previsto que decorra ainda por mais três anos, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Para já, vai permitir que cientistas de todo o mundo possam explorar os novos métodos de síntese para a concepção de novos fármacos.


A investigadora, que admite ser sempre «uma procura incrível, a de encontrar novas bases para ultrapassar dificuldades, como a resistência a antibióticos», lembrou ainda que o processo, entre esta fase e a utilização e comercialização de novos medicamentos, é «muito moroso, levando sempre muitos anos».

Inês de Matos

Fonte: Diário de Coimbra

1 comentário:

ptcp disse...

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